Perdendo o gosto por doces

08/05/2012 00:00 Atualizado: 08/05/2012 00:00

Comer alimentos mais saudáveis pode ser um desafio. (Photos.com)

Adoçantes artificiais não é a solução

De forma geral, não sou um fã de açúcar refinado. Mas com toda certeza não sou fã de adoçantes artificiais. Os seus riscos são um motivo de preocupação.

Por exemplo, o aspartame (NutraSweet, Equal, Canderel) tem uma suficiente número de pesquisas onde se demonstra o seu verdadeiro potencial para provocar efeitos negativos no corpo e no cérebro. Outra preocupação é que não há nenhuma prova consistente de que, em longo prazo, a troca do açúcar pelos adoçantes artificiais provoque perda de peso.

Outro motivo pela minha falta de entusiasmo pelos adoçantes artificiais é o fato de que eles perpetuam o desejo por alimentos muito doces. Isso provavelmente é porque eles estimulam as pessoas a ingerirem mais alimentos ricos em açúcar refinado ou adoçantes artificiais.

Uma melhor estratégia poderia ser desligar completamente (ou parar abruptamente) comidas doces. Bem, alguém acostumado a ingerir muitos alimentos doces pode sentir um pouco a falta deles, mas, geralmente, o resultado final é que a necessidade por alimentos doces se dissipa, e a falta dos alimentos doces não é mais sentida. Isso leva a uma “restauração” do paladar de forma que muitos alimentos que não costumavam ter sabor, agora parecem ser bem mais doces.

Tenho visto esse efeito em muitas pessoas e até em minha própria vida. Eu costumava tomar muitas xícaras de café num dia, cada uma com duas boas colheres de chá de açúcar. Há muitos anos, por um período de quase um mês, eu me desapeguei e desde então não coloco mais açúcar no café. Eu não sabia, ele tem melhor sabor agora, sem açúcar.

Outro exemplo disso é o chocolate. Sou um defensor do chocolate negro e costumava consumir uma marca com 70 por cento de cacau. Eu não o saboreava muito, e por um lado o comia por isso, por outro lado porque ele não tinha o sabor tão doce quanto o chocolate branco. Porém, pelos últimos meses eu me restringi ao chocolate negro com 85 por cento de cacau. Agora, quando eu provo um pouco do de 70 por cento de cacau, eu percebo quão doce ele é.

Estava pensando em deixar os alimentos excessivamente doces ao ler um comentário que foi recentemente publicado no Jornal da Associação Médica Americana referente aos adoçantes artificiais, intitulado “Bebidas Adoçadas Artificialmente – Motivo de Preocupação”.

Esse comentário chama a atenção para os enormes perigos dos adoçantes artificiais, incluindo este fato: “As pessoas que costumeiramente consomem adoçantes artificiais podem se achar mais saciados, mas alimentos não tão doces (por exemplo, frutas) são menos atraentes e alimentos não doces (por exemplo, vegetais e legumes) menos saborosos, reduzindo substancialmente a qualidade da dieta de forma a contribuir para um excessivo ganho de peso.”

O comentário também se refere à pesquisa que achou que, comparado ao alimento adoçado com açúcar, o alimento adoçado artificialmente levou ao aumento da ingestão de alimento e ganho de peso em ratos. O comentário também se refere à pesquisa intitulada “A doçura intensa ultrapassa a satisfação com a cocaína”, publicada em agosto de 2007 no PLoS One, na qual ratos foram testados quanto a serem capazes de dispensarem por si mesmos tanto a sacarina quanto a cocaína. A pesquisa mostrou que a maioria dos animais preferiu ficar com a sacarina do que com a cocaína.

O Dr. John Briffa é um médico de Londres e escreve sobre saúde, com interesse em nutrição e medicina natural. Seu website é Drbriffa.com