Enquanto a maior Assembleia Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) se aproxima, na qual as principais posições da liderança do regime serão substituídas, as forças de segurança estão sendo mobilizadas por Pequim e uma série de ordens de defesa foi dada para manter a ordem, segundo a imprensa de Hong Kong.
Um centro de segurança especial foi criado para a conferência da Secretaria de Segurança Pública de Pequim, segundo um anúncio recente no website do governo da cidade. Centenas de milhares serão utilizadas para prevenir que qualquer incidente desagradável ocorra na capital.
A ofensiva de segurança está sendo promovida enquanto peticionários tentam inundar a capital antes do 18º Congresso do PCC e o regime ainda tem de resolver o escândalo político relacionado ao oficial deposto Bo Xilai e uma desaceleração econômica galopante, que poderia trazer mais descontentamento social.
Ordens de Defesa
Além da “construção política” da força policial e do fortalecimento dos esforços de “vanguarda” do Partido Comunista, centenas de milhares de policiais, a polícia militar, guardas da cidade e voluntários comunitários serão mobilizados para apoiar os esforços de segurança, segundo a revista Trend de Hong Kong.
A Trend, que regularmente reporta sobre a política interna do Partido Comunista Chinês (PCC), referiu-se a uma série de Ordens de Defesa emitidas pelo Conselho de Estado e pela Comissão Militar Central, o órgão do PCC que comanda os militares, para prevenir agitação social.
A Segunda Ordem de Defesa, por exemplo, foi implantada em Pequim em 18 de agosto. Tropas não podem tirar férias para visitar a família, patrulhas constantes são realizadas nas ruas pela polícia militar e o pessoal de segurança deve assegurar um rigoroso controle do tráfego e verificação de veículos. Policiais militares estão estacionados em áreas essenciais nos arredores de Pequim, um esquadrão de helicópteros está de prontidão e seis incidentes específicos devem ser priorizados, por exemplo, agrupamentos de massa, greves, atividades organizadas de petição ou até mesmo acidentes de trânsito. O Tibete e Xinjiang serão colocados sob a segunda ordem.
A Primeira Ordem será implementada em Pequim no período crucial de 22 de setembro a 25 de novembro, quando a realização do Congresso está prevista, informou a Trend. Isso inclui medidas adicionais contra quatro tipos específicos de incidentes (incluindo a atenção indevida da mídia sobre alimentos contaminados).
Conflito político
A mobilização de segurança acontece em meio a uma enxurrada de protestos que se dirigem à capital e a uma série de incidentes políticos do regime.
O PCC ainda está se recuperando do escândalo de Bo Xilai, que começou em fevereiro quando Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing e braço direito de Bo Xilai, tentou desertar no consulado dos EUA em Chengdu. Desde então, uma divisão na liderança do regime foi revelada, entre os leais ao ex-líder chinês Jiang Zemin, a cuja facção Bo Xilai pertencia, e os aliados ao atual líder chinês Hu Jintao e a sua liderança.
Pressões econômicas também estão aumentando, segundo várias fontes, incluindo instituições de pesquisa do próprio regime.
Wu Jinglian, pesquisador sênior do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento do Conselho de Estado, o equivalente do gabinete do regime, disse em março que, “A corrupção está fora de controle” e os conflitos econômicos e sociais chegaram a um “ponto crítico”.
“O regime comunista chinês está em apuros”, escreveu Zhou Yahui, um comentarista de política chinesa, num artigo de opinião recente, segundo a emissora nova-iorquina NTDTV.
O regime enfrenta sua mais grave crise fiscal no momento, desde o nível provincial até o centro, disse Zhou Yazhui, com empréstimos inadimplentes se acumulando nos bancos estatais, divisões de facções no seio do regime e um nível enorme de corrupção oficial.
Tudo isso acompanhado pelo descontentamento público e desafio aberto às autoridades, disse ele, que dificilmente chegou a tal ponto antes.
Protestos e peticionários
Muitos peticionários, chineses que viajam para a capital para pedirem reparação por injustiças que o sistema jurídico não pôde resolver, foram impedidos de sair de suas casas, segundo Sun Wenguang, um ex-professor da Universidade de Shandong, em entrevista ao Epoch Times.
Outros são colocados sob custódia imediatamente após se registrarem na Secretaria de Cartas e Chamadas na capital, que deveria lidar com tais queixas, disse ele.
Os esforços podem ser uma tentativa de conter o fluxo de peticionários antes do Congresso do PCC, que podem inundar a capital para expressar sua frustração com o regime comunista.
Um grande número de oficiais militares fez um protesto em Pequim recentemente, segundo o oficial militar aposentado Sr. He. Ele faz parte de um grupo que protesta por não ter recebido benefícios adequados de aposentadoria ou não serem compensados por lesões ou outras insatisfações com os militares.
Mais de 10.000 peticionários visitaram a Secretaria de Cartas e Chamadas e a Secretaria Anticorrupção do PCC em 15 de agosto, segundo um artigo no website de direitos humanos 64tianwang.com.
Os constantes protestos e o descontentamento são uma demonstração da instabilidade do regime, segundo Mou Chuanheng, um dissidente de Qingdao, província de Shandong.
Shi Zangshan, um comentarista de assuntos chineses contemporâneos baseado em Washington, disse que o aumento nos incidentes de massa na China nos últimos anos “disparou”. O termo “incidente de massa” se refere a protestos de milhares de pessoas, por vezes violentos, normalmente contra oficiais do regime.
Ele acrescentou, “Oficiais do PCC estão em pânico sobre isso e sentem que o PCC está quase acabado. Eles querem fazer alguma coisa, mas tudo o que conhecem é a ‘filosofia de luta’ do Partido Comunista, e ainda promulgam essas ordens ridículas de defesa na capital.”
Com reportagem de Tang Ming.
Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.