Pequim sinaliza virar à direita em grande comemoração

30/05/2012 05:50 Atualizado: 30/05/2012 05:50

Xi Jinping acena para a mídia após sua chegada ao aeroporto de Shannon na Irlanda em 18 de fevereiro de 2012. (Peter Muhly/AFP/Getty Images)A extensa cobertura da mídia em 24 de maio, aniversário de dez anos da morte de Xi Zhongxun, pai do vice-presidente chinês Xi Jinping, que está programado para ser o próximo secretário e presidente do Partido Comunista Chinês (PCC) no fim deste ano, sinaliza uma virada à direita de Pequim.

Várias mídias chinesas referiram-se a Xi Zhongxun como uma pessoa que nunca cometeu um erro de “esquerda”. Outros especialistas comentaram que Pequim está usando a oportunidade para reforçar o combate aos “venenos residuais” das ideologias e políticas de esquerda promovidas por Bo Xilai, secretário do PCC na cidade de Chongqing que foi recentemente deposto e purgado do Partido.

Uma entrevista do Diário de Jinan com Gu Juchuan, biógrafo de Xi Zhongxun, intitulada “10º Aniversário da morte de Xi Zhongxun” apareceu nas primeiras páginas das mídias estatais porta-vozes do regime chinês Xinhua.net e Diário do Povo Online.

Wen Wei Po, uma mídia baseada em Hong Kong, publicou um relatório de 2002 do Xinhua introduzindo a vida de Xi Zhongxun, que foi republicado em seu website sob o título, “Sem enganos esquerdistas cometidos em sua vida”.

Xi Zhongxun quase perdeu a vida numa campanha de purgatória durante a Revolução Cultural, quando foi vítima de uma luta pelo poder e condenado a 16 anos de prisão.

Xi foi retratado em 1982, sob Hu Yaobang, um líder chinês e camarada de Deng Xiaoping que serviu como presidente e secretário-geral do PCC. Hu mesmo foi purgado e retratado várias vezes durante a Revolução Cultural. Em 1987, Hu foi forçado a renunciar ao cargo de secretário-geral por adversários políticos que culparam os crescentes protestos estudantis sobre o que eles chamavam de “liberalização burguesa” de Hu.

Segundo Deng Xiaoping, Xi foi saudado como um dos “Oito Grandes Oficiais Eminentes”. Depois da Revolução Cultural, Xi se tornou um pioneiro na criação da primeira Zona Econômica Especial na província de Guangdong no sul da China.

Xi uma vez expressou forte apoio a Hu Yaobang contra a facção de esquerda dentro do PCC. No início de 1980, Xi e o vice-primeiro-ministro Wan Li derrotaram um golpe político lançado contra Hu Yaobang por Bo Yibo, pai de Bo Xilai.

Mais tarde, quando Deng depôs Hu Yaobang, Xi novamente se opôs fortemente aos ataques dirigidos contra Hu por Bo Yibo e seu clã. Estes acontecimentos históricos foram registrados numa série de artigos e memórias do ex-assistente de Hu, Lin Mu. Lin elogiou Xi Zhongxun por sua bondade e integridade.

Legado dos atuais líderes

Xi Zhongxun era um liberal; seu senso de humanidade se reflete em Hu Yaobang e Zhao Ziyang, que sucedeu Hu como secretário-geral e continuou com muitas das reformas econômicas e políticas de Hu.

O atual líder chinês Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao foram ambos promovidos por Hu Yaobang e devem-lhe um favor, portanto, eles também são próximos e respeitosos à memória de Xi Zhongxun. Xi Zhongxun foi um mentor para Hu Jintao e Wen Jiabao. Como tal, não é de admirar que Hu e Wen tenham favorecido Xi Jinping.

Zhou Xiaohui, um bem-conhecido comentarista online, disse que Bo Yibo e Xi Zhongxun eram homens completamente diferentes em ideologia e ação. O primeiro era um esquerdista frio e astuto, disse Zhou, enquanto o último foi um moderado prático, conhecido por sua integridade e tolerância. Por conseguinte, seus descendentes, Bo Xilai e Xi Jinping, respectivamente, são também muito diferentes, segundo Zhou.

Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.