A fim de evitar que funcionários corruptos fujam do país, Pequim reforçou recentemente as restrições para funcionários que desejam viajar ao exterior, obrigando-os a entregar seus passaportes, segundo a mídia estatal.
O Departamento Organizacional do Município de Pequim publicou recentemente uma nova regra que funcionários de divisão ou de níveis superiores não estão autorizados a viajar ao estrangeiro por motivos pessoais em condições normais. Em situações especiais, os funcionários podem solicitar aos líderes de nível superior a aprovação para viajar, seguindo rigorosos procedimentos.
Todos os funcionários-chefes que servem em posições sensíveis em organizações estatais, como gestores responsáveis por recursos humanos, departamentos financeiros, com acesso a arquivos confidenciais e assim por diante, têm de enfrentar um exame rigoroso para obter aprovação para ir ao estrangeiro.
A nova regra também obriga os funcionários a retornarem seus passaportes ao departamento de recursos humanos quando retornarem de outros países, diz o artigo.
O Departamento Organizacional do Partido Comunista Chinês em Pequim também reforçou o sistema de supervisão que monitora funcionários suspeitos de fuga ou deserção. Uma vez que ações de deserção sejam identificadas, funcionários na mesma organização devem reportar aos superiores, nível após nível, até o Departamento Organizacional Central em 48 horas.
As novas restrições seguem políticas similares neste ano na China que visaram os “funcionários nus”, aqueles cuja esposa e filhos imigraram para o estrangeiro (geralmente levando consigo grandes riquezas obtidas ilicitamente pelo funcionário). Em janeiro, as autoridades centrais emitiram uma regra que diz que funcionários cujo cônjuge e filhos imigraram para o exterior não serão considerados para promoções.
A fuga de funcionários corruptos se tornou uma questão urgente nos últimos anos. Em 2013, 762 funcionários foram capturados quando fugiam, levando consigo mais de 10 bilhões de yuanes (US$ 1,6 bilhão) em dinheiro ilícito e bens que foram reapropriados pelo regime, segundo a Suprema Procuradoria Popular.
O Boxun, um website chinês de notícias baseado no estrangeiro, citou funcionários da Administração de Aviação Civil dizendo que em 2012 mais de 350 funcionários que tentaram fugir foram capturados na Alfândega do Aeroporto de Pequim, com mais de 300 bilhões de yuanes (US$ 4,9 bilhões) recuperados que eles levavam consigo.
A fim de conter e evitar que funcionários corruptos fujam da China com patrimônio público, o Partido Comunista Chinês começou a inspecionar este ano os funcionários nus em todas as províncias.
Apenas a província de Guangdong publicou quantos funcionários nus há no governo local: 2190. Mais de 10 províncias têm afirmado que “o número específico de funcionários nus não é conveniente revelar”. Muitas outras províncias têm mantido silêncio sobre o assunto.
Zhang Xixian, professor na Escola Central do Partido Comunista Chinês, disse à imprensa chinesa que as autoridades provinciais estão provavelmente em silêncio porque o número de funcionários nus é tão grande que as autoridades se preocupam com o impacto político negativo que a revelação desencadearia.