Quando a agência disciplinar do Partido Comunista Chinês anunciou que Liu Jinguo, chefe de uma obscura força extralegal conhecida por “gestapo chinesa” entre os ativistas dos direitos humanos, tinha parado de trabalhar em janeiro deste ano, os responsáveis não anunciaram nenhum sucessor.
No final do mês passada, uma nota foi publicada no website da Central do Partido Comunista para a inspeção disciplinar, afirmando que Lin Jinguo, antigo chefe da Agência 610 e vice-secretário do Partido, havia resignado de seu antigo posto em janeiro. Não sabe-se quem, ou se alguém, foi nomeado para substituir Liu como chefe da Agência 610.
Situada em Pequim, a Agência 610 é uma agência de segurança do Partido Comunista formada pelo ex-chefe do regime Jiang Zemin para prender e torturar praticantes de Falun Gong, uma prática de meditação que começou a ser perseguida em 1999 pelo Partido Comunista Chinês, devido ao grande número de adeptos. A agência opera fora da lei, mas os seus agentes têm autoridade em todos os níveis do Partido Comunista Chinês e do Estado.
Fazendo de tudo para esconder suas ações, os agentes da Agência 610 desempenharam um papel direto na perseguição chinesa ao Falun Gong. De acordo com as investigações de ativistas e jornalistas independentes, centenas de milhares de praticantes de Falun Gong foram detidos, e dezenas de milhares foram assassinados durante as sessões de tortura ou morreram devido à extração forçada de órgãos liderada pelo Partido Comunista Chinês, para a venda em redes ilegais de transplantes de órgãos.
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O início do fim?
Ainda que Jiang Zemin tivesse nas suas mãos vastos poderes e influência sobre as política do regime chinês por mais de 20 anos através da sua rede de homens de sua confiança e amigos, essa rede está agora ruindo devido à campanha anticorrupção, ativa há 2 anos, que está sendo dirigida pelo atual secretário geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping.
O próprio Liu substituiu Li Dongsheng em fevereiro do ano passado, um apoiante fervoroso da facção de Jiang que dirigia a Agência 610 até ser removido de sua posição em dezembro de 2013, colocado sob investigação e expulso do partido, supostamente por corrupção.
O anúncio feito pela comissão disciplinar sobre a demissão de Liu Jinguo levanta questões a respeito ao futuro da obscura e, de acordo com a lei chinesa, inconstitucional Agência 610.
O comentador do Epoch Times Zhou Xiaohui acredita que a demissão de Liu, analisada em ligação com um outro caso de corrupção na Agência 610 que foi amplamente divulgado pelas mídias estatais, pode indicar uma ação futura contra a agência.
Luo Jian foi vice diretor da agência 610 na Província Guangdong no sul da China. No dia 25 de maio, a comissão disciplinar provincial anunciou que Luo havia sido colocado sob investigação por “violação severa da disciplina e lei do Partido Comunista”, uma frase bem conhecida, usada dezenas de milhares de vezes a respeito de oficiais desobedientes nos últimos anos.
O fato do caso de Luo ter sido amplamente relatado pelas mídias estatais indica que a Agência 610 é um assunto importante nas maquinações da administração de Xi Jinping, segundo Zhou.
“Em primeiro lugar, é um aviso para o antigo líder Jiang Zemin, que fundou a Agência 610”, disse Zhou. “Se a mídia estatal, controlada pelo Partido Comunista Chinês, está discutindo este assunto, isso significa que o governo de Xi irá tomar a ofensiva neste setor.”
De acordo com Zhou, a possibilidade de Xi Jinping erradicar a agência e colocar o seu chefe sob julgamento “é muito provável”, mesmo que o Partido evite mencionar a extensão dos abusos de direitos humanos praticados contra os praticantes de Falun Gong e outras fés perseguidas.
“Na superfície, este assunto anda à volta das ‘violações da disciplina’, mesmo que na realidade o que realmente signifique seja ‘crimes contra a humanidade'”, diz Zhou. “O Partido Comunista irá evitar nomear estes crimes, e é por isso que eles não irão anunciar abertamente o encerramento da Agência 610. Ao invés disso, irão tentar resolver estes males silenciosamente, de portas fechadas.”