Pequenas e Médias Empresas na China se preparam para tempos difíceis

02/08/2013 14:27 Atualizado: 02/08/2013 14:27
Uma cena do Distrito Comercial de Pequim (Mark Ralston/AFP/Getty Images)

Sobrecarregados por pesados impostos e falta de lucros, as pequenas e médias empresas (PME) chinesas também têm dificuldade em obter financiamento dos bancos na China. Com o mal-estar econômico tomando forma cada vez mais concreta e o crescimento desacelerando, muitas destas empresas estão se preparando para o pior.

A média de negócios chineses abdica de 40% de seus lucros para pagar impostos, uma taxa mais elevada do que nos países ocidentais em geral, segundo um relatório de 22 de julho de coautoria do Ministério das Finanças.

A nova regra para remover o limite inferior das taxas de juros sobre empréstimos bancários, instituída em 20 de julho, pode agravar ou pelo menos falhar em aliviar a situação. Em geral, muitos especialistas concordam que as PME estão condenadas se depender das políticas dos bancos chineses.

“PME teriam sorte se conseguissem qualquer empréstimo. E não têm nenhuma chance de conseguir uma taxa de juros menor para um empréstimo”, disse um funcionário do Banco de Construção da China ao Epoch Times.

“É raro que um banco tenha uma taxa de juros inferior a 7%. E esses bancos nunca emprestariam para pequenas empresas”, disse Andy Xiao, um comentarista financeiro baseado na China.

“Nas últimas décadas, sempre que precisei de dinheiro, foi praticamente impossível obter um empréstimo bancário, então, eu tive de pedir emprestado a amigos. Eles me cobram até 10% de juros. Agiotas são ainda piores”, disse Li Zhenhao, o gerente-geral da empresa de pequeno porte Beijing Wenyikang Trading Company, ao Epoch Times.

Por outro lado, as grandes empresas usufruem relativamente de mais benefícios financeiros, mas aqueles vinculados ao regime têm a maior vantagem.

“Mesmo as grandes empresas, se não estão bem financeiramente, têm dificuldade em conseguir empréstimos a taxas de juros mais baixas”, disse um funcionário do Banco de Construção da China. “Somente empresas estatais têm chances reais de obter estes empréstimos especiais que lhes descontam 10% dos juros.”

Uma fonte anônima, citada num estudo de junho de Rory Truex, um doutorando de Yale, disse que os bancos “se recusarão a lhe fazer um empréstimo ou o vigiarão o tempo todo”, se estiverem lidando com uma empresa privada ao invés de uma estatal.

As grandes empresas também têm a vantagem de serem capazes de lucrar com a arbitragem da taxa de juros, diz o analista Sr. Lee da China Finance Net. “Eles podem emitir obrigações a um custo muito menor do que os empréstimos, uma opção que as PME não têm.”

Muitos bancos locais precisam dos fundos gerados por empréstimos com taxas de juro baixas e têm mantido um limite inferior sobre empréstimos, uma semana depois de o banco central implementar a nova regra. Especialistas bancários expressaram ceticismo de que a taxa de juros possa cair ainda mais quando a liquidez é tão escassa.

Apesar das perspectivas econômicas sombrias para pequenas e médias empresas na China, alguns especialistas dizem que a nova regra da taxa de juros não é uma causa significativa de preocupação.

“Remover o limite inferior não afetará muito a atual taxa de juros no futuro, pois a maioria das taxas de empréstimo já está acima do limite”, diz Ma Jun, diretor e economista-chefe para a Grande China do Deutsche Bank.

“O lucro da maioria das empresas é inferior às taxas de juros com que são cobrados”, disse Zhou Dewen, presidente da Associação para o Desenvolvimento das PME de Wenzhou. “Mesmo que as empresas ponham as mãos em algum empréstimo, elas estariam literalmente enchendo os bolsos do regime e do banco.”

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