No que foi descrito como uma operação antiterrorista, 28 uigures foram cercados pela polícia chinesa e fuzilados, resultando em pelo menos 15 mortos. As autoridades afirmam que o grupo estava “envolvido em atividades religiosas ilegais e exercícios terroristas”. A operação antiterror ocorreu na província de Xinjiang, no noroeste da China, em 20 de agosto, disse Batur Osman, o chefe de polícia do município de Yilkiqi, à Rádio Free Asia (RFA).
O grupo se reuniu numa área deserta perto do município, que está localizado na prefeitura de Kashgar, e foi “destruído completamente e com sucesso”, disse Osman, que se recusou a revelar o número de vítimas, mas um assistente de polícia na delegacia de Yilkiqi, identificado apenas como Alimjan, disse à RFA que entre os mortos estavam pelo menos 15 uigures e um policial chinês han.
Apesar de a polícia afirmar que o grupo treinava para atos terroristas, os moradores apresentaram uma história diferente. Um morador anônimo de Yilkiqi disse que o grupo estava reunido para oração. “Quando eles se reuniram no deserto e oravam juntos, eles foram cercados e fuzilados. Havia 26 pessoas lá e todos foram mortos. A polícia, em vez de levar os corpos para a aldeia, enterrou-o no deserto usando um trator”, disse ele à RFA.
A província de Xinjiang é uma região turbulenta na China. Ela é o lar da etnia uigur, povos turcos de religião islâmica. Conflitos causados por discriminação contra os uigures e outras minorias, bem como o aumento da imigração de chineses han para a província, têm resultado numa tendência de incidentes violentos. O governo comunista tipicamente culpa terroristas muçulmanos por estes incidentes, mas grupos de direitos humanos e analistas dizem que as autoridades muitas vezes exageram a ameaça para minimizar as políticas nacionais que geram protestos ou para justificar o uso da força contra minorias étnicas.
Na China, apenas cinco religiões controladas pelo Estado são permitidas e grupos ou denominações independentes, como as igrejas cristãs domésticas ou a prática do Falun Gong, estão sujeitos à perseguição.
De acordo com a Asia News, outros moradores, que também pediram anonimato, disseram: “Nós estávamos reunidos numa área de deserto, mas apenas para orar sem ter de prestar contas às autoridades. A prática religiosa é cada vez mais controlada e muitos de nós não queremos informar ao governo até mesmo o que dizemos a Deus.”