Uma doença mortal que mata dezenas de milhares de pessoas a cada ano pode ter fim depois que cientistas fizeram uma descoberta no mais improvável dos lugares: as trutas marrons. A hepatite E, que pode causar insuficiência hepática e que mata uma em cada cinco mulheres grávidas infectadas, tem resistido até agora a todas as tentativas da ciência para curá-la.
Parte do problema é que a doença é difícil de se manifestar em culturas de células, o que significa que os cientistas não têm sido capazes de testar drogas anti-virais em um ambiente de laboratório. No entanto, pesquisadores do Serviço Geológico dos EUA (USGS) encontraram um vírus em peixes saudáveis, muito semelhante ao da hepatite E.
A doença, chamada de Cutthroat vírus truta, pode ser cultivada mais facilmente e permite aos cientistas utilizá-la como uma plataforma para testar vacinas contra a hepatite E. “É muito bom quando a sua curiosidade inicial sobre um vírus em peixes saudáveis tem aplicações biomédicas importantes para os seres humanos”, disse Jim Winton, biólogo pesquisador do USGS, em um relatório. “Isso realmente mostra como é difícil se antecipar integralmente em uma pesquisa científica básica e saber até onde isso poderia levá-lo.” A pesquisa foi publicada na revista Antiviral Research, e já atraiu a atenção dos fabricantes de medicamentos.
A hepatite E é responsável por cerca de 57 mil mortes por ano, e é transmitida aos seres humanos principalmente através da água suja. No Reino Unido, foi relatado que 85 % dos porcos britânicos têm a doença, e os pesquisadores de saúde alertaram os consumidores para que garantam que os produtos de carne de porco sejam bem cozidos antes de servir.