PEC garante novos direitos aos empregados domésticos

27/03/2013 12:04 Atualizado: 28/03/2013 12:46
Empregados domésticos passam a ter direito aos mesmos benefícios assegurados aos outros trabalhadores
PEC das Domésticas foi aprovada no Senado por unanimidade (The Epoch Times)
PEC das Domésticas foi aprovada no Senado por unanimidade (The Epoch Times)

O Senado aprovou nesta terça-feira (26), por unanimidade, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2012, que garante aos empregados domésticos direitos iguais aos demais trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Além da obrigatoriedade de pagamento nunca inferior ao mínimo, 13º salário e repouso semanal remunerado, a PEC das Domésticas, como ficou conhecida, garantirá a partir do dia 2 de abril avanços fundamentais, como a jornada de trabalho de oito horas diárias e 44 semanais e hora extra de ao menos 50%. Outras conquistas como o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que deixará de ser opcional, proteção contra demissão sem justa causa, seguro-desemprego e salário família ainda dependerão de regulamentação.

“A aprovação da PEC é resultado de quase 80 anos de luta da organização sindical das trabalhadoras domésticas. Esta categoria tem grande importância para a economia do país e para a sociedade, então não é um favor a proposta ter sido aprovada, e sim a garantia dos direitos que essas trabalhadoras, como qualquer um das demais categorias têm. É uma reparação por mais de 500 anos de mazelas dessas mulheres” disse Creuza Maria Oliveira, presidenta Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (FENATRAD).

Pessoas contrárias à medida alegam que a fixação da jornada pode levar à demissão de muitos trabalhadores. Muitos empregadores terão um aumento de gasto com seus empregados, já que com a obrigatoriedade de pagamento de adicionais por horas extras, estabelecido na PEC das Domésticas, o acréscimo no custo para os patrões será proporcional à exigência sobre o funcionário.

O que não é lembrado é que a pessoa que emprega recebe hora extra quando trabalha além de seu horário, e a trabalhadora doméstica merece, como qualquer outro trabalhador, que esse direito seja garantido.

O professor do departamento de sociologia da Universidade de Brasília (UnB), Joaze Bernardino Costa, acredita que o Brasil não pode submeter trabalhadores domésticos a um tratamento desigual, com privação de direitos, para garantir o conforto da classe média. Para ele, criticar a ampliação de direitos da categoria sob o argumento de que vai encarecer as contratações é recorrer a um discurso “eticamente insustentável, encharcado de herança escravagista, baseado na exploração principalmente de mulheres negras”, segundo a Uol Notícias.

Mesmo depois de promulgada, a lei precisa ser colocada em prática. Especialistas recomendam, como primeiro passo, a elaboração de um contrato, para ficar tudo claro entre empregador e empregado, especialmente em casos onde o empregado doméstico costuma dormir no local de trabalho. Lembram também que os direitos obtidos com a aprovação da PEC das Domésticas não são retroativos, ou seja, nenhum empregador passará a ter dividas com suas domésticas antes da validação da lei.

A nova PEC é apenas um novo passo em direção à igualdade de direitos no país. Uma importante vitória, mas que ainda precisa ser seguida de outras conquistas para não se tornar uma derrota.

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