Reportagem de Márcio Falcão e Alexandre Aragão, edição de quarta-feira 30 da Folha de São Paulo, revela a pressão que está sendo exercida por Michel Temer sobre Paulo Skaf para que este passe a apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff em São Paulo. A pressão era esperada, porque, se não apoiar Dilma, Skaf, que é o candidato do PMDB, não estará apoiando Michel temer, vice na chapa governista. Tem lógica. Aliás, dupla lógica, já que São Paulo é o principal colégio eleitoral do país, representando assim mais de 20% dos votos. Dilma-Temer precisam de parte desses votos. Isso de um lado. De outro, o dirigente licenciado da federação das Indústrias não tem condições de não se integrar ao lado de Temer e ao mesmo tempo desejar obter a adesão dos prefeitos que o PMDB possui na área estadual.
Tudo perfeito, mas falta uma coisa: Temer não pode desejar a participação de Skaf se o PT mantiver a candidatura de Alexandre Padilha ao Palácio Bandeirantes. Neste caso, Skaf, ao aceitar tal palanque duplo, estaria contribuindo politicamente para o plano alto do Planalto sem que alcançasse uma contribuição desse apoio no esquema estadual. Seria este seu argumento mais consistente.
E, em contrapartida, Temer poderia – e pode – sustentar que existe, ou deve existir uma coligação PT-PMDB na área federal. Mas há dificuldades em vários Estados. São Paulo, o principal. Rio de Janeiro, entre eles. Minas Gerais, um terceiro exemplo. É necessária uma revisão do panorama, tanto de parte de Dilma Rousseff quanto de Aécio Neves. Não cito Eduardo Campos porque este só poderá subir se Aécio descer. Como demonstram as pesquisas tanto as do Datafolha, quanto as do Ibope.
A dúvida, hoje, já escrevi sobre isso, é se haverá segundo turno. Mas se houver, será ele entre Dilma e Aécio. A chapa Campos-Marina, por si só, aparece de forma fraca nos levantamentos. Vamos esperar o próximo para focalizarmos novamente esse aspecto.
Pezão e Dilma
Voltamos ao tema que abrange as alianças regionais em função do quadro básico nacional. No Rio de Janeiro, por exemplo, o governador Pezão apoia Dilma Rousseff, uma vez que ele pertence aos quadros do PMDB. E seu apoio encontrou correspondência. A presidente da República não prestigiou Lindberg Farias, senador e candidato do PT ao Palácio Guanabara. Em Minas, segundo colégio eleitoral (o Rio de janeiro é o terceiro) disputam o Palácio da Liberdade Pimenta da Veiga, pelo PSDB, e Fernando Pimentel, pelo PT. O PMDB tem que se posicionar.
Citei as três principais fontes de votos. Mas há uma série de outros Estados importantes em relação aos quais ou ocorrem uma arrumação das coligações partidárias ou se reconhecem divisões profundas atingindo as alianças num sentido (Dilma) ou no outro (Aécio).
Um desafio para as articulações e os articuladores. Têm que partir de aproximações e nelas incluir o interesse de vários candidatos, cada um em sua unidade federativa. Pois através da campanha que começa em agosto não há muitos espaços para manobras isoladas. E sim espaços a serem descobertos para convergências. O caso de São Paulo é típico. O do Rio de Janeiro, outro exemplo marcante. Todos os caminhos até outubro levam às urnas. Mas nem todos são iguais.