Um pastor nômade tibetano pôs fogo em si mesmo para protestar contra a ocupação de décadas do regime chinês do Tibete, na província centro-oeste de Qinghai, na sexta-feira, provocando grandes manifestações e uma posterior operação de segurança e repressão.
Grupos dos direitos humanos tibetanos disseram que Tamdin Thar, que se acredita ter cerca de 60 anos, morreu depois de queimar-se fora do complexo da Polícia Armada do Povo, que se diz abrigar o pessoal militar em Chentsa, perto da fronteira com a Região Autônoma do Tibete.
Após a morte, entre 400 e 500 civis tibetanos e monges se reuniram e exigiram que seu corpo fosse devolvido, segundo o Free Tibet. O corpo foi levado pelas autoridades locais, que mais tarde o devolveram e sua família o levou para um mosteiro próximo.
O Free Tibet disse que porque o homem pôs fogo em si mesmo na frente de um prédio da polícia, o ato foi uma “rejeição clara e absoluta ao regime chinês”.
“No entanto, a presença de forças de segurança chinesas está aumentando na área”, disse uma mulher, que preferiu não se identificar, à Rádio Free Asia (RFA).
Fotos publicadas pela Campanha Internacional pelo Tibete, ou Salve o Tibete, mostram uma multidão de policiais armados posicionados perto do corpo queimado em Chentsa junto com numerosos policiais e veículos militares.
Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime comunista, confirmou numa nota de duas frases que um homem morreu depois que se pôs em chamas, mas não deu mais detalhes.
“Tibetanos de muitas aldeias diferentes perto de Chentsa e de mosteiros fora de Chentsa convergiram sobre a cidade para oferecer orações por ele”, disse Salve o Tibete, citando fontes de exilados tibetanos familiarizados com a questão.
O Centro Tibetano para a Democracia e os Direitos Humanos baseado na Índia disse a RFA que Tamdin Thar era um nômade que foi forçado a se mudar para Chentsa devido à “política de realocação dos nômades” do regime chinês, relatou a RFA.
Nos últimos meses, tem havido uma onda de protestos que varreram toda a província de Sichuan, a Região Autônoma do Tibete, Qinghai e partes de Gansu. Várias dezenas de pessoas, a maioria monges, também se incendiaram em protesto.
As autoimolações e manifestações não afetaram muito a capital tibetana de Lhasa, devido à presença persistente de segurança pesada na cidade. No entanto, dois jovens tibetanos se imolaram em Lhasa no mês passado, sendo os primeiros a fazer isso na capital.
Pelo menos 39 tibetanos se autoimolaram desde fevereiro de 2009. O incidente de sexta-feira foi a sexta autoimolação na província de Qinghai.