Passaportes de funcionários chineses são confiscados

21/07/2014 13:53 Atualizado: 21/07/2014 13:53

A fim de reduzir o fluxo migratório não autorizado de funcionários provinciais chineses e impedi-los de sair do país, as autoridades chinesas estão confiscando seus passaportes.

Em junho, as autoridades em várias províncias chinesas confiscaram os passaportes dos funcionários locais e muitos “funcionários nus” estão sendo investigados.

Em Tieling, na província de Liaoning, todos os funcionários acima do nível de assistente de departamento tiveram de entregar seus passaportes ao governo local. Qualquer funcionário que planeje ir ao estrangeiro terá de obter primeiramente aprovação “de cima”.

Agências de viagens percebem declínio nos negócios

Uma consequência imediata desta nova política é que agências de viagens estão experimentando uma diminuição drástica nos negócios.

Uma agente de viagens em Tieling, que se diz chamar Liu, disse ao Epoch Times: “Todos os funcionários públicos devem entregar seus passaportes a um departamento do governo local. Se ele ou ela quiser ir ao estrangeiro, deve ter uma boa justificativa. Mesmo quando alguém quer viajar para o exterior como turista, ele tem de reportar a seus superiores para obter permissão e receber seu passaporte de volta.”

A sra. Tian, outra funcionária na mesma agência de viagens, compartilhou sua opinião por que a nova política foi implementada: “Ao confiscar os passaportes, as autoridades usaram a desculpa de impedir as pessoas de usar fundos públicos para viajar. Na verdade, eles têm medo que os funcionários nunca retornem à China quando tiverem a chance de ir ao estrangeiro. Nós ouvimos há muito tempo que o governo poderia agir nesse sentido.”

Agências de viagens em Tieling sofreram perdas substanciais, segundo a sra. Yang, que trabalha na Agência de Viagens Feiyang. “A partir do início deste ano, poucos servidores públicos podem viajar ao redor”, disse ela ao Epoch Times.

O sr. Li, um funcionário público em Changchun, na província de Jilin, disse ao Epoch Times que as autoridades emitiram uma nota dizendo que os funcionários devem reportar a seus superiores para obter aprovação antes de ir ao exterior, independentemente do país a ser visitado. Mas as autoridades locais podiam manter seus passaportes.

Uma funcionária numa agência de viagens em Changchun confirmou este fato ao Epoch Times: “Os funcionários em Changchun devem obter aprovação de cima e carimbos oficiais de sua unidade de trabalho antes de prosseguirem com o pedido de visto.”

Situações semelhantes de funcionários sendo proibidos de ir ao estrangeiro livremente existem em muitos lugares da China.

Um agente de viagens em Shenzhen, especializado em viagens para os Estados Unidos e países europeus, disse ao Epoch Times que é um fenômeno nacional que funcionários sejam proibidos de ir ao estrangeiro como bem entenderem. Mesmo quando vão ao estrangeiro como turistas, eles têm de passar por procedimentos de aprovação. Apenas visitas patrocinadas publicamente para países estrangeiros não são restritas.

Funcionários nus

Nos últimos 20 anos, a China tem visto o aumento do número de “funcionários nus” – como são chamados na China os funcionários que enviaram suas esposas, filhos e dinheiro para o estrangeiro – e de incidentes de funcionários chineses desertando do país. Como resultado, o regime comunista chinês tentou apertar o controle sobre seus servidores públicos. A partir do final de 2008, numerosos funcionários tiveram seus documentos de viagem confiscados.

A província de Zhejiang exigiu que todos os funcionários acima de assistente de departamento e todos os funcionários da Segurança Pública, do Judiciário e do Ministério Público entregassem aos governos locais seus passaportes e autorizações para viajar a Hong Kong e Macau.

Em setembro de 2011, em Shanghai e nas províncias de Guangdong, Jiangsu, Zhejiang, Shandong e Fujian, as autoridades locais começaram a caçar os funcionários que haviam desertado e tomaram medidas para evitar novas fugas.

Recentemente, as autoridades da província de Guangdong descobriram mais de mil funcionários nus. Mas, mesmo quando ameaçados de rebaixamento ou aposentadoria prévia, apenas 200 se dispuseram a trazer seus familiares de volta para a China.

Navio afundando

Zhu Xinxin, um ex-jornalista chinês, agora escritor freelance, disse ao Epoch Times que, com o aumento do número de funcionários nus e desertores, o regime comunista chinês está em pânico. É por isso que existe essa nova política de confiscar os passaportes dos funcionários; é uma mentalidade orientada pelo medo, disse Zhu.

De acordo com Zhu, muitos chineses consideram este fenômeno como uma indicação do fim do Partido Comunista Chinês, a agonia antes de seu desaparecimento final, que se manifestará por meio de todo o tipo de distúrbios.

“O Partido Comunista Chinês é como um navio afundando”, disse Zhu. “Esses funcionários consideram seus passaportes como seus botes salva-vidas. Agora, esses botes salva-vidas são controlados; eles não podem mais escapar. Na realidade, o regime comunista chinês quer que todos esses funcionários morram juntos, que afundem consigo”, disse Zhu.