Visando a controlar o que é interpretado como infiltração perigosa da ideologia estrangeira e da influência de blogueiros liberais, o Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou recentemente controles mais rigorosos da internet e um reforço da linha do Partido na web.
Numa reunião de oficiais de propaganda de alto escalão em 3 de janeiro, Liu Yunshan, o chefe do Secretariado, um órgão interno fundamental na administração do PCC, e Liu Qibao, o chefe do Departamento de Propaganda, reiteraram que a mídia na China deve ser controlada pelo Partido e não por “líderes da opinião nacional”.
Os “líderes da opinião nacional” seriam escritores, pensadores, colunistas e outros intelectuais públicos que buscam informar ou influenciar a opinião pública. Funcionários do Partido, também reforçaram a ideia de que é o Partido que deve determinar sempre os pontos de vista que são compartilhados e lidos na internet.
Analistas de assuntos políticos chineses pensam que estas declarações equivalem a admissões do regime de que este já está tendo problemas para controlar a internet. “O PCC está assustado com o papel dominante dos líderes de opinião na internet”, disse Hua Po, um analista político de Pequim, numa entrevista à NTDTV. “Essas vozes não pode ser abaladas.”
“Os comentários dos funcionários do regime são para lembrar o Partido a dominar os meios de comunicação. Agora, eles estão envolvidos numa batalha pela internet que devem vencer para recuperar a liderança [ideológica]”, disse ele.
As publicações do Partido Comunista parecem concordar com este sentimento. A Academia Chinesa de Ciências Sociais disse em seu “Livro Azul Social: Análise e previsão sobre a sociedade chinesa em 2014” que os líderes de opinião amplamente lidos exercem mais influência na internet do que a mídia e o governo.
Outro relatório oficial do ano passado propôs uma estratégia para atenuar a influência dessas pessoas – uma estratégia que parece ter sido adotada pela liderança comunista.
A chamada atual pelo maior controle da internet pode ser em parte uma resposta às exortações de setembro último do chefe de propaganda Liu Qibao. Na época, ele insistiu que quadros do PCC na linha de frente devem agir de acordo com os objetivos estratégicos do Partido: “reproduzir o tema central online”, usar linguagem simples para explicar teorias profundas e trabalhar para entrar nos corações e mentes das pessoas, informou o ‘China Media Project’, um website de análise midiática de Hong Kong.
Os chineses agora regularmente têm contato com a comunidade internacional e absorvem uma grande quantidade de informações factuais sobre a China contemporânea, disse Xia Ming, um professor de ciência política no campus de Staten Island da Universidade da Cidade de Nova York. Isso os faz questionar a sabedoria do regime de partido único e é isso que o Partido Comunista mais teme, disse Xia.