Uma revisão do “Dicionário histórico do Partido Comunista Chinês”
Você já se perguntou o que “ditadura do proletariado” realmente significa? E quanto à “corrente adversa de fevereiro”, que você provavelmente nunca ouviu falar? Essas definições abstrusas e muitas mais agora preenchem um dicionário sobre a maior e mais duradoura organização política leninista do mundo, o Partido Comunista Chinês (PCC).
Com mais de 400 entradas, uma introdução, apêndices e bibliografia, o novo volume da Scarecrow Press será de fato útil.
Escolha qualquer órgão do PCC, burocracia, evento ou lema. Em Departamento de Organização, por exemplo, você aprende que ele controla funcionários de altas posições no PCC (bem, aquele no Comitê Central, que é o foco do verbete, embora Departamentos de Organização existam em todos os níveis da estrutura administrativa do PCC), que foi fundado na era Yan’an para gerenciar o influxo de camaradas e situa-se na periferia de Pequim, num prédio sem identificação ou número de telefone listado.
Ele “constitui o núcleo institucional do sistema de Partido Leninista”. Você aprende que a seleção de nomeações é muitas vezes fortemente influenciada pelo suborno e clientelismo e que ser o chefe de um Departamento de Organização é uma posição cobiçada. Uma lista dos chefes do gabinete oficiais conclui a entrada. Os leitores são direcionados para verbetes relacionados como “camarada” e “campanha de retificação”.
A cronologia é uma reciclagem útil sobre as datas importantes do PCC e seu desenvolvimento: nascimento (1917-1924); a Primeira Frente Unida (1924-34); o período de Yan’an (1935-46); a primeira retificação do PCC (1942-45); a guerra civil (1946-49); a reconstrução econômica e consolidação política (1950-57); o Grande Salto para Frente e suas consequências (1958-65); a Revolução Cultural (1966-76); o maoísmo tardio (1976-78); a reforma econômica e as crises políticas (1978-97); e o período pós-Deng Xiaoping e a emergência da China como uma “superpotência econômica” (1997-2010).
A introdução de Lawrence Sullivan apresenta um resumo justo da doutrina e mudanças no regime do PCC, chegando à provável sucessão de Xi Jinping. Mas ele mergulha pouco nas mentiras, crueldade geral e brutalidade com que o PCC governa a China e sugere que o PCC provavelmente permanecerá no poder por décadas, enquanto falha em destacar qualquer um dos fatores críticos, econômicos, sociais ou demográficos, que podem complicar a questão.
Uma pessoa pode se questionar o que guia as decisões de inclusão ou exclusão. A campanha antipoluição espiritual de 1983-84 está incluída, por exemplo – como deveria ter sido –, mas não há entrada para a campanha anti-Falun Gong, que está ocorrendo e é muito mais profunda e destrutiva do que a anterior.
Há uma entrada sobre o Departamento Central de Propaganda, mas não há uma sobre propaganda ou uso da mídia para promover a linha geral do PCC.
Não há entrada sobre cultura. Outros conceitos amplos, como democracia, têm uma entrada. Mas não há entrada para, digamos, coerção, um conceito que é muito mais tangível e um instrumento mais importante do que a democracia no arsenal do PCC.
As datas de nascimento de algumas pessoas são inseridas com pontos de interrogação. Quão difícil teria sido pesquisar no Google pelo nome de Wu Guoguang e inserir seu ano de nascimento (1957) ou pegar o telefone e confirmá-lo?
As omissões não parecem ser tentativas deliberadas de dar novo brilho a reputação do PCC. A entrada em “reforma do pensamento” explica que “os interrogatórios, a escrita de ‘confissões’, encarceramentos e até mesmo a tortura foram usados para remodelar os ‘pensamentos’ dos intelectuais que não apoiavam o PCC nem aceitavam a visão de mundo corporificada no marxismo-leninismo-pensamento de Mao Tsé-tung”.
Mas não há entrada comparável sobre o sistema de reeducação pelo trabalho forçado ou o uso de instituições psiquiátricas para perseguir dissidentes ou sobre todo o coercitivo e repressivo aparato de segurança.
Pode-se considerar que tudo isso, que é profundamente significativo para o significado do regime do PCC e para o povo, considerando que tem de lidar com isso, poderia ter sido colocado sob “segurança pública” e ter algumas poucas páginas. Não há entrada sobre a política do filho único. E também não há uma lista no início de todas as entradas que se seguem. É preciso folhear cada página.
SULLIVAN, Lawrence R. Historical Dictionary of the Chinese Communist Party. The Scarecrow Press, Inc. 2012. ISBN: 978-0-8108-7470-1.
—
Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.
Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT
Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT