Partido Comunista Chinês atormentado com membros desinteressados

30/05/2013 15:42 Atualizado: 30/05/2013 15:42
Delegados se dispersam após a sessão de encerramento do Congresso Nacional Popular no Grande Salão do Povo em Pequim em 8 de novembro de 2012. Um acadêmico chinês diz que o regime precisa reduzir urgentemente o número exagerado de membros para evitar perder o poder como o Partido Comunista Soviético (Ed Jones/AFP/Getty Images)

Se membros do Partido Comunista Chinês (PCC) já estão renunciando abertamente e em abundância ou se afastando silenciosamente, por que não tornar oficial a opção de renúncia e, pelo menos, salvar um pouco da imagem do regime? Um acadêmico afiliado ao PCC propôs recentemente uma ideia similar num jornal ideológico, sugerindo que o PCC reduzisse seus componentes quase pela metade, para evitar perder o controle como o Partido Comunista Soviético em 1991. No entanto, peritos independentes que analisaram sua proposta dizem que o sistema já está demasiadamente comprometido e que isso não ajudará muito.

Escrevendo num jornal quinzenal administrado pela mídia estatal Diário do Povo, o Prof. Zhang Xien da Universidade de Shandong advertiu que a filiação de 83 milhões do PCC deve ser reduzida para 51 milhões para sobreviver.

No artigo, Zhang Xien apresentou um “mecanismo de saída”, com o qual o Comitê Central poderia categorizar os afiliados em três grupos – honorário, probatório e formal – permitindo cortes significantes na categoria honorária, que em sua maioria seria composta de “velhos, doentes e reformados que são incapazes de seguir a linha do PCC”.

Esta última observação refere-se ao fato de que hoje muitos membros do PCC não consideram seriamente a ideologia oficial da organização; a adesão é vista apenas como um meio para avançar na carreira. Relatos online sobre “sessões de estudo” do PCC nos últimos anos, frequentemente retratam experiências depreciativas e desinteresse generalizado pela hierarquia e pelo desenvolvimento teórico dos líderes. As doutrinas impenetráveis do ex-líder Jiang Zemin, seus “Três Representações”, ou o “conceito de desenvolvimento científico” de Hu Jintao são regularmente ridicularizados.

Shi Cangshan, um analista independente de assuntos chineses que vive em Washington DC, disse ao Epoch Times que a sugestão de “purgar o PCC” reflete uma série de problemas enfrentados pelo regime.

Há os obstinados organizadores do PCC, por exemplo, que desejam reorganizar a estrutura bizantina do partido e que são uma dor de cabeça para a gestão interna dos comitês locais. “Atualmente, o PCC tem 83 milhões de membros e do centro ao nível local há 13 níveis de organização horizontal de órgãos do partido, com cada um tendo seus próprios arranjos organizacionais verticais incontáveis”, disse ele.

Outra questão é o fenômeno da “politicagem geriátrica”, em que os ex-líderes continuam a se intrometer nos assuntos do partido e do Estado, mesmo após terem saído ou se aposentado. Shi Cangshan observou que o ex-líder Hu Jintao tomou a iniciativa de “saída plena” no 18º Congresso Nacional em novembro passado, o que torna mais difícil para o ex-líder chinês Jiang Zemin continuar em seu papel de influenciar os assuntos do PCC.

“No passado, todos os membros de alto escalão aposentados do PCC não tinham problemas em manipular os assuntos ou atividades do PCC em seus níveis depois de se aposentarem. Especialmente as gerações de Deng Xiaoping e Jiang Zemin – eles se aposentaram, mas não saíram, o que criou uma série de complicações para os sucessores”, disse Shi Cangshan.

Ele acrescentou que transformar os veteranos aposentados em membros “honorários”, conforme sugerido no artigo, farias essas pessoas não poderem mais influenciar as decisões no PCC.

Shi Cangshan observou que as fundações do PCC “já estão extremamente instáveis”, explicando que há muitos membros passivos e inativos, conhecidos como “direitistas” pelos ideologicamente mais comprometidos, que duvidam da ideologia e sistema do PCC.

A proposta do estudioso do PCC reconhece que cerca de 8 milhões de membros ou 10% do total pode ser cortado, expurgando esses membros “passivos”. “Isso tem uma relação direta com o movimento Tuidang [Renúncia ao Partido] que vêm ocorrendo há anos”, disse Shi Cangshan, referindo-se a um movimento popular em que membros e ex-membros do PCC e de suas organizações afiliadas – a Liga da Juventude e os Jovens Pioneiros – são incentivados a renunciar sua adesão. A edição chinesa do Epoch Times mantém um número total atualizado de pessoas que renunciaram ao PCC.

Numa entrevista recente com a NTDTV, o comentarista político Weiguang Zhong disse que é tarde demais para o PCC se rejuvenescer. “Reduzir o número de membros pela renúncia só aceleraria a desintegração do PCC”, ressaltou ele. “O colapso do comunista na Europa Oriental em 1989 já mostrou as pessoas que nunca houve um caso bem sucedido de um Partido [Comunista] que pôde melhorar-se.”

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