De partida, embaixador americano na China fala de direitos humanos

27/02/2014 14:43 Atualizado: 27/02/2014 14:43

Gary Locke, o embaixador dos EUA para a China, disse em 26 de fevereiro que o desenvolvimento do estado de direito e de uma série de outras liberdades civis no país comunista seria crucial para o seu desenvolvimento futuro.

“A China tem um grande futuro pela frente”, disse Locke, em observações feitas num centro cultural dos EUA em Pequim, segundo a Voz da América. “Mas atingir todo o seu potencial dependerá de um Judiciário neutro e respeitado, um conjunto ativo de advogados dedicados, liderança sábia e, acima de tudo, a reverência pelo estado de direito.”

Ele acrescentou: “Dependerá do respeito às garantias constitucionais de liberdade de expressão para todos, uma internet aberta e uma cidadania bem-informada disposta a dialogar irrestritamente pela melhor forma de construir um futuro estável e progressivo para a China. “

O Partido Comunista Chinês (PCC) embarcou este ano numa ampla campanha para reprimir qualquer discussão destes princípios e tem perseguido os cidadãos chineses que os defendem publicamente.

Locke disse que os Estados Unidos estavam “profundamente preocupados” com o padrão recente de “perseguições, prisões e condenações de defensores da boa governança, advogados do interesse público, ativistas, jornalistas, blogueiros, líderes religiosos e outras pessoas na China”.

Ele continuou: “Os Estados Unidos instam a China que garanta aos ativistas pacíficos as proteções e liberdades a que eles têm direito sob os compromissos internacionais de direitos humanos assumidos pela China.”

Locke, o primeiro embaixador chinês-americano dos EUA para a República Popular da China, tem atuado por dois anos e meio, período em que assistiu a uma série de incidentes incomuns. Em fevereiro de 2012, Wang Lijun, o chefe de polícia de Chongqing, tentou desertar para o consulado americano em Chengdu, e depois, em maio de 2012, o dissidente cego Chen Guangcheng escapou de sua prisão domiciliar em sua vila natal e fugiu para a embaixada americana em Pequim.

No entanto, a notoriedade veio a Locke primeiramente na China quando ele foi visto num Starbucks em Pequim com uma mochila da Nike e acompanhado da filha Emily enquanto encomendava um café. Embora isso seja normal para os padrões americanos, chineses ficaram impressionados com o que julgaram como humildade do embaixador. Um oficial chinês em sua posição normalmente teria um subalterno para realizar essas tarefas mundanas, disseram internautas chineses.

Esses e outros incidentes levaram alguns a avaliar Locke como “o melhor embaixador americano de todos os tempos na República Popular da China”.

Em resposta a seus comentários recentes sobre os direitos humanos na China, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do regime chinês, Hua Chunying, disse que as declarações foram “impensadas” e envolviam “assuntos internos” da China, segundo a Voz da América.

Hua indicou que o “respeito mútuo”, um conceito que o regime chinês tem procurado recentemente enfatizar e tornar uma parte oficial da relação EUA-China, impediria comentários sobre as condições dos direitos humanos na China por autoridades norte-americanas.

Por sua vez, nos últimos meses, políticos americanos têm objetado em grande parte engolir as esperanças do regime comunista chinês pelo que este chama de “respeito mútuo”. Em vez disso, as autoridades americanas pediram ao Partido Comunista Chinês para siga a lei internacional em suas disputas marítimas com países vizinhos e incentivaram o desenvolvimento dos direitos humanos na China.

O embaixador Locke será substituído por Max Baucus, um senador democrata de Montana. Durante sua audiência de confirmação, Baucus pareceu ter reservas sobre as demandas chinesas de que os Estados Unidos não digam nada sobre os abusos de direitos humanos do regime chinês. “Nós continuaremos trabalhando nisso”, disse ele, “e faremos algum progresso aqui.”