Os pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega, descobriram uma partícula no oceano à base de carbonato de cálcio. Segundo eles, essa molécula poderia ajudar a pesquisa climática. Essa partícula foi encontrada no Mar da Noruega e foi estudada graças ao microscópio eletrônico do laboratório de Nygårdshøyden da Universidade de Bergen.
Os cientistas observaram que a acidificação dos oceanos provocada pelo aumento das concentrações atmosféricas apresentava uma ameaça à vida marinha. Atraído pelo oceano, o CO2 (gás carbônico) transforma a química da água do mar no nível carbônico, o que perturba a calcificação dos organismos marinhos.
Essa alquimia afeta a vida marinha: a circulação sanguínea, a respiração e o sistema nervoso das criaturas marinhas estão fracos, o crescimento reduziu e a reprodução diminuiu. Os peixes teleósteos (os vertebrados) são os mais vulneráveis, pois eles não têm dispositivos internos especializados para a regulação do pH.
Prever o clima da terra
O professor Gunnar Bratbak, especializado em microbiologia marinha na Universidade de Bergen, diz: “Atualmente a quantidade de calcário no oceano é grande, e uma produção biológica elevada tem como efeito aumentar a acidez, a taxa de CO2 do mar e acelerar os fenômenos de mudança do clima, pois o oceano tem a particularidade de absorver CO2 da atmosfera.”
O professor também indica que conhecer a existência dessa molécula pode permitir definir padrões nas previsões climáticas e assim predizer a evolução do clima do planeta: ela diz respeito tanto ao clima mundial, à acidificação dos oceanos e ao passado geológico do planeta.
Anteriormente diversos estudos científicos já previam que um aumento de acidez do oceano provocava a decomposição dos recifes de corais. Segundo o professor Gunnar Bratbak, essa observação já é visível na produção de conchas marinhas como ostras.
Moléculas recolhidas a mil metros de profundidade
Essas partículas específicas foram encontradas no Mar da Noruega, na zona de Reinefjord, região de Bergen, no arquipélago de Svalbard, mas também no Mediterrâneo e em sedimentos do Mar do Norte. A forma, o número e o tamanho dessas moléculas são variáveis; a maior parte de 0,001 à 0,1mm de comprimento, e sua concentração está compreendida entre 10 mil e 100 mil unidades por litro de água marinha. Elas foram recolhidas a mais de mil metros de profundidade.
A sedimentação do carbonato de cálcio no oceano é chamada de bomba de carbonato. Ele é transportado ao fundo dos mares como um sistema de bombeamento, da mesma forma que partículas de matérias que fluem espontaneamente ao fundo das águas e como diversos organismos mortos. No entanto, o processo físico é um pouco diferente. Ele é primeiro dissolvido na forma de carbono orgânico ou sob a forma de partículas inorgânicas, como o carbonato de cálcio (CaCO3).
A formação do CaCO3 das partículas que os pesquisadores observaram seria, segundo eles, ligada à atividade bacteriana e aos processos bioquímicos, gerando a precipitação, ou então por processos químicos que conduzem a precipitações bacterianas.
Os processos de produção das partículas parecem ter uma importância maior. No entanto, os fatores ambientais que regulam sua produção permanecem indefinidos e o assunto necessita de estudos complementares.
Os produtores de carbonato de cálcio essenciais
A formação do cálcio associada à atividade bacteriana é um processo comum que poderia estar ligada à formação do carbonato dos sedimentos. Segundo uma compreensão da história geológica das rochas calcárias e dos sedimentos, os principais produtores de carbonato de cálcio seriam os cocolitóforos e os foraminíferos.
Os cocolitóforos são organismos situados no fundo dos oceanos. Eles participam da constituição das camadas geológicas. Os foraminíferos são protozoários, eles contribuem também na formação de rochas e são excelentes marcadores. Eles facilitam a datação de rochas sedimentares na geologia.
Nós ainda não sabemos como essas partículas são produzidas. O professor Gunnar Bratbak adiciona: “Nós pensamos que a formação dessas moléculas de cálcio é, em grande parte, devido a bactérias e que ocorre provavelmente nos primeiros metros abaixo da superfície. É um processo inteiramente natural, com o qual a atividade humana não tem nenhuma ligação”. Além de explorar o processo de formação das partículas, os pesquisadores também pesquisaram os fatores que determinam sua taxa de produção.
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