Partícula perturba pesquisa climática

25/01/2013 15:59 Atualizado: 06/08/2013 18:07
O arquipélago de Svalbard, na região de Reidefjord, foi um local de investigação para os pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega (Wikipédia)
O arquipélago de Svalbard, na região de Reidefjord, foi um local de investigação para os pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega (Wikipédia)

Os pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega, descobriram uma partícula no oceano à base de carbonato de cálcio. Segundo eles, essa molécula poderia ajudar a pesquisa climática. Essa partícula foi encontrada no Mar da Noruega e foi estudada graças ao microscópio eletrônico do laboratório de Nygårdshøyden da Universidade de Bergen.

Os cientistas observaram que a acidificação dos oceanos provocada pelo aumento das concentrações atmosféricas apresentava uma ameaça à vida marinha. Atraído pelo oceano, o CO2 (gás carbônico) transforma a química da água do mar no nível carbônico, o que perturba a calcificação dos organismos marinhos.

Essa alquimia afeta a vida marinha: a circulação sanguínea, a respiração e o sistema nervoso das criaturas marinhas estão fracos, o crescimento reduziu e a reprodução diminuiu. Os peixes teleósteos (os vertebrados) são os mais vulneráveis, pois eles não têm dispositivos internos especializados para a regulação do pH.

Prever o clima da terra

O professor Gunnar Bratbak, especializado em microbiologia marinha na Universidade de Bergen, diz: “Atualmente a quantidade de calcário no oceano é grande, e uma produção biológica elevada tem como efeito aumentar a acidez, a taxa de CO2 do mar e acelerar os fenômenos de mudança do clima, pois o oceano tem a particularidade de absorver CO2 da atmosfera.”

O professor também indica que conhecer a existência dessa molécula pode permitir definir padrões nas previsões climáticas e assim predizer a evolução do clima do planeta: ela diz respeito tanto ao clima mundial, à acidificação dos oceanos e ao passado geológico do planeta.

Anteriormente diversos estudos científicos já previam que um aumento de acidez do oceano provocava a decomposição dos recifes de corais. Segundo o professor Gunnar Bratbak, essa observação já é visível na produção de conchas marinhas como ostras.

Moléculas recolhidas a mil metros de profundidade

Essas partículas específicas foram encontradas no Mar da Noruega, na zona de Reinefjord, região de Bergen, no arquipélago de Svalbard, mas também no Mediterrâneo e em sedimentos do Mar do Norte. A forma, o número e o tamanho dessas moléculas são variáveis; a maior parte de 0,001 à 0,1mm de comprimento, e sua concentração está compreendida entre 10 mil e 100 mil unidades por litro de água marinha. Elas foram recolhidas a mais de mil metros de profundidade.

A sedimentação do carbonato de cálcio no oceano é chamada de bomba de carbonato. Ele é transportado ao fundo dos mares como um sistema de bombeamento, da mesma forma que partículas de matérias que fluem espontaneamente ao fundo das águas e como diversos organismos mortos. No entanto, o processo físico é um pouco diferente. Ele é primeiro dissolvido na forma de carbono orgânico ou sob a forma de partículas inorgânicas, como o carbonato de cálcio (CaCO3).

A formação do CaCO3 das partículas que os pesquisadores observaram seria, segundo eles, ligada à atividade bacteriana e aos processos bioquímicos, gerando a precipitação, ou então por processos químicos que conduzem a precipitações bacterianas.

Os processos de produção das partículas parecem ter uma importância maior. No entanto, os fatores ambientais que regulam sua produção permanecem indefinidos e o assunto necessita de estudos complementares.

Os produtores de carbonato de cálcio essenciais

A formação do cálcio associada à atividade bacteriana é um processo comum que poderia estar ligada à formação do carbonato dos sedimentos. Segundo uma compreensão da história geológica das rochas calcárias e dos sedimentos, os principais produtores de carbonato de cálcio seriam os cocolitóforos e os foraminíferos.

Os cocolitóforos são organismos situados no fundo dos oceanos. Eles participam da constituição das camadas geológicas. Os foraminíferos são protozoários, eles contribuem também na formação de rochas e são excelentes marcadores. Eles facilitam a datação de rochas sedimentares na geologia.

Nós ainda não sabemos como essas partículas são produzidas. O professor Gunnar Bratbak adiciona: “Nós pensamos que a formação dessas moléculas de cálcio é, em grande parte, devido a bactérias e que ocorre provavelmente nos primeiros metros abaixo da superfície. É um processo inteiramente natural, com o qual a atividade humana não tem nenhuma ligação”. Além de explorar o processo de formação das partículas, os pesquisadores também pesquisaram os fatores que determinam sua taxa de produção.

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