Vários membros do Parlamento australiano se juntaram a um rali do lado de fora do Parlamento em Camberra, onde foi realizado um dia de negociações de livre comércio entre China e Austrália após a conclusão da Cúpula dos Líderes do G20.
A manifestação pediu o fim imediato da perseguição, especialmente da extração forçada de órgãos, sancionada pelo regime chinês de praticantes do Falun Gong vivos.
O comércio deve ser baseado na moral e na consciência
O senador independente John Madigan apontou que o comércio deve ser baseado na moralidade e na consciência, a fim de ter um impacto positivo na sociedade. Ele disse que, como a economia existe para a humanidade, o comércio deve ser o primeiro a responder aos direitos humanos básicos.
Ao falar sobre a perseguição do regime chinês ao Falun Gong, incluindo a extração forçada de órgãos, Madigan perguntou ao primeiro-ministro Tony Abbott: “Por que esta questão não faz parte das nossas discussões com a China?”
“Congratulo os praticantes do Falun Gong. Ao redor do mundo vocês continuam a fazer a campanha contra a perseguição religiosa e contra a prática de extração forçada de órgãos na China”, disse Madigan em seu discurso.
Ele lembrou que no ano passado, o Senado aprovou um projeto de lei pedindo à Pequim para parar a extração forçada de órgãos de pessoas vivas, mas o crime não abrandou e as vítimas são, em sua maioria, praticantes do Falun Gong.
“Mas toda a vida humana importa. Toda vida humana tem valor. Dou as boas vindas a todos vocês aqui hoje. Desejo-lhe felicidades com o seu protesto. Incentivo-os a continuarem a sua luta”, disse Madigan.
‘Eu não posso simplesmente fechar os olhos’
Madigan acredita que o governo australiano valoriza o comércio com Pequim mais do que a vida humana e chama esse ato de miopia.
“Como você concilia que algumas pessoas são trancadas porque o governo não concorda com elas ou com suas observâncias e depois dizer que eles podem construir um argumento ou justificar a retirada de rins ou pulmões de uma pessoa e comercializar a vida das pessoas e os seus órgãos?
“Algumas pessoas dizem que não há problema em fechar os olhos para algo, mas e se fosse seu irmão, seu pai, irmã, tio, primo ou seu melhor amigo? Se o mundo está se degenerando a esse ponto, onde podemos apenas racionalizar as coisas fora, fora da vista e fora da mente …. mesmo se for um prisioneiro, cada pessoa tem sua dignidade inerente.
“Eu não posso simplesmente fechar os olhos. Porque fazer isso seria ser complacente. E mais uma vez, há muito dinheiro envolvido na [extração forçada de órgãos]. Se isso é o que é preciso para ganhar dinheiro, eu não quero ser uma parte disso”, disse Madigan.
Falun Gong beneficia a sociedade chinesa
Alannah MacTiernan é um membro da Câmara dos Representantes da Austrália para Perth. Ela destacou que o Falun Gong traz harmonia e bênçãos à sociedade e que acabar com a proibição do Falun Gong beneficiaria a sociedade chinesa.
MacTiernan disse no rali: “Vamos acompanhá-los no seu apelo para garantir que esta tolerância crescente que emerge na China estenda-se aos praticantes do Falun Gong.
“Acredito profundamente que os praticantes do Falun Gong só desejam o melhor para a comunidade chinesa. Sua prática será positiva para a China, como podemos ver isso na Austrália. Nós temos esta lição para aprender, sabemos abraçar a diversidade que, de fato, faz a nossa nação mais forte. Quando podemos garantir o sentimento de nacionalidade, a nossa identidade nacional é reforçada.
“Queremos dizer que nós entendemos a posição do Falun Gong e entendemos suas preocupações que vocês têm ao longo do tempo em que foram perseguidos, mas estamos confiantes e esperançosos de que o novo regime da China irá abraçar essa diversidade, garantindo que a sua prática seja permitida a florescer e venha a trazer bondade para a comunidade chinesa.”
Joe Bullock, o senador do Trabalho para a Austrália Ocidental, no Parlamento, escreveu uma carta para a Associação do Falun Dafa. O senador Bullock expressou sua preocupação sobre a extração forçada de órgãos de praticantes vivos na China e disse que espera que os praticantes pudessem aproveitar esta oportunidade para expor o problema ao público.
O Partido Verde é anfitrião do Fórum de Direitos Humanos sobre a perseguição
Enquanto o presidente chinês, Xi Jinping fez um discurso no Parlamento australiano, o Partido Verde realizou simultaneamente um Fórum de Direitos Humanos na China. Os representantes do Falun Gong, o Tibete, os ativistas da democracia e da Região Autônoma de Xinjiang foram convidados para o fórum.
O senador e líder parlamentar do Partido Verde, Christine Milne, disse: “Os Verdes australianos permanecem extremamente preocupados com as constantes violações dos direitos humanos e com o lento progresso da reforma democrática na República Popular da China.
“Em particular, nós condenamos a contínua perseguição aos praticantes do Falun Dafa, que deve ser igualmente reconhecida e condenada pelo governo australiano.”
Por que falar mais alto?
No rali, o senador Madigan foi perguntado por que ele escolheu participar do rali e falar. Ele respondeu: “É somente porque você não pode ser complacente pelo seu silêncio. As pessoas me dizem, muitas vezes, ‘agora não é o momento certo’. Bem, quando é o momento certo? Ao longo da história, têm havido algumas pessoas que se sentam nas suas mãos, boas pessoas que se sentam nas suas mãos.
“‘Tudo que é necessário para que o mal triunfe é que boas pessoas se sentem e não façam nada e então a história vai julgá-la’…. no final do dia, eu quero ser capaz de ir para casa à noite e ter a consciência tranquila. Eu não quero que ninguém, desde de quem não nasceu até os vivos, idosos ou crianças, tenha seus direitos humanos violados. Eu valorizo cada vida. Cada vida é preciosa e cada vida deve ser defendida.
“Lembro-me uma vez que eu estava fazendo um trabalho em Melbourne e eu passava pelo consulado na estrada. Eu lembro de ter visto duas mulheres mais velhas lá na frente. O que eu notei foi que elas eram muito pacíficas e tranquilas.
“Elas estavam apenas expressando um ponto de vista e eu pude ver quão irritados os funcionários do consulado estavam porque elas estavam lá fora, na rua, na Austrália, mas todo mundo têm o direito de expressar sua opinião, quer se goste ou não.
“Essas pessoas têm o direito de expressar sua opinião e vou defender seu direito de expressar sua opinião sem medo de perseguição.”