JERUSALÉM – Vários membros do Parlamento israelense foram capturados na mira diplomática no início desta semana, quando a embaixada chinesa exigiu que retirassem suas assinaturas de uma petição.
A petição tratava do crime da colheita ilegal de órgãos na China e se dirigia à sede da ONU em Genebra. Nove membros do Parlamento assinaram a petição, mas foram sumariamente contatados pelo assessor político do Parlamento, Oded Ben-Hur, que os aconselhou que suas assinaturas fossem retiradas e uma carta de desculpas assinada.
De acordo com várias fontes próximas à situação, Ben-Hur agia em favor da embaixada chinesa. Três signatários foram pressionados a retirarem suas assinaturas e apoio à petição.
Um dos maiores defensores da petição, o parlamentar Uri Orbach, disse que assinou porque “concordou com seu conteúdo”. “Parece-me justo e correto”, disse Orbach numa entrevista por telefone com o Epoch Times. “Estou familiarizado com o tema, eu li a respeito.”
Orbach disse que lhe pediram para cancelar sua assinatura e que ele também viu uma carta de desculpas destinada à embaixada chinesa, mas ele se recusou a assiná-la. “Eu não assinarei uma coisa que não acredito”, disse ele sobre a carta de desculpas, acrescentando que não entendia por que a embaixada chinesa sequer exigiria desculpas. “Se desculpar pelo quê?”, disse Orbach. “Só porque alguém é forte?”
Colheita de órgãos
O Epoch Times divulgou em março de 2006 a história da colheita forçada de órgãos de praticantes vivos da disciplina espiritual do Falun Gong na China. De acordo com fontes do Epoch Times, os praticantes estão sendo submetidos a exames de sague e tecido e mantidos em detenção como um gigante banco de órgãos vivo. Quando um paciente num hospital chinês necessita de um órgão, estes seriam retirados do praticante, matando-o no processo.
Logo após os primeiros artigos do Epoch Times aparecerem, os canadenses David Kilgour, ex-secretário de Estado canadense (Ásia-Pacífico) e promotor da coroa, e David Matas, um advogado internacional de direitos humanos e caçador de nazistas, lançaram uma investigação independente sobre as alegações.
Num relatório publicado em julho de 2006, Kilgour e Matas concluíram que as alegações eram verdadeiras. Eles estimaram que, nos anos de 2000 a 2005, 41.500 transplantes de órgãos ocorreram em que a fonte mais provável dos órgãos são os praticantes presos do Falun Gong. Desde então, seu trabalho pioneiro tem sido corroborado por outros investigadores.
Enquanto a taxa de transplante de órgãos na China tem diminuído significativamente desde seu pico em 2005, a indústria de transplante na China ainda faz 10 mil transplantes por ano. Matas estima que 8.000 destes venham de praticantes do Falun Gong.
Em julho de 1999, o então líder chinês Jiang Zemin, temendo que houvesse um número estimado de 100 milhões de chineses praticando o Falun Gong – um número maior do que os membros do Partido Comunista Chinês – e que os ensinamentos morais tradicionais do Falun Gong pudessem ser mais atraentes do que a ideologia comunista, ordenou que a prática fosse erradicada.
Segundo investigadores, o que Matas chamou de uma “nova forma de mal neste planeta” começou a ser empregado sistematicamente contra praticantes do Falun Gong em 2000.
Papel do Ministério das Relações Exteriores
A polêmica sobre a petição israelense foi iniciada quando a mídia Arutz Sheva publicou um artigo em seu website com a manchete “Parlamentares israelenses para a ONU: Investigue a colheita de órgãos na China”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel está tomando a posição oficial de que os parlamentares têm o direito de se expressar da forma que entenderem, incluindo assinar uma petição.
“A embaixada chinesa nos contatou sobre a petição”, disse Yigal Palmor, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores sobre o incidente. “Eles queriam saber se os parlamentares que assinaram representavam uma política contra seu governo.”
Palmor continuou dizendo que “não é verdade que o governo israelense pediu aos parlamentares para enviar um pedido de desculpas ou uma retratação por escrito. Nós transmitimos a conversa com a embaixada da China.”
Mas, de acordo com um artigo publicado num grande jornal israelense Haartez pelo correspondente diplomático Barak Ravid, o Ministério das Relações Exteriores atualizou diretamente o conselheiro político do Knesset [o Parlamento de Israel], Oded Ben-Hur, e o porta-voz do Knesset, Reuven Rivlin, que então contataram os parlamentares que haviam assinado a petição.
Devido à pressão, três dos nove parlamentares retiraram suas assinaturas. Um dos que se recusou a recuar foi o parlamentar Daniel Ben Simon.
“Eu li [a petição] e sustento minha assinatura”, disse Ben Simon. Ele observou que foi questionado posteriormente se sua assinatura era final e ele disse que era.
Uma das consequências usada contra os deputados que assinaram a petição era a ameaça de que se mantivessem sua decisão de assinar contra a colheita ilegal de órgãos, eles poderiam ser impedidos de visitar a China no futuro.
O parlamentar Ben Simon não se incomoda com a perspectiva de ser penalizado por sua postura numa questão de direitos humanos. Sobre a eventual proibição de ir à China no futuro, ele disse simplesmente, “Eu posso viver com isso.”
Com reportagem adicional de Dina Gordon.
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