Autoridades chinesas raptaram e prenderam a sogra de Ben Hedges, um jornalista de televisão sediado em Nova York que possui status de celebridade em Taiwan. A retaliação direta ocorreu por ela ter apresentado uma queixa criminal contra o ex-ditador chinês do Partido Comunista, Jiang Zemin.
Oficiais de segurança pública do noroeste da província chinesa de Heilongjiang prenderam Sheng Xiaoyoun, a mãe da esposa de Hedges, na escola em que ela trabalhava, por volta das 15h (horário de Pequim) desta quarta-feira (21).
A prisão repentina de Sheng Xiaoyun é o mais recente incidente em que a polícia local e as forças de segurança praticaram retaliação contra praticantes de Falun Gong que apresentaram queixa criminal solicitando o indiciamento de Jiang Zemin por crimes contra a humanidade e genocídio.
Falun Gong é prática tradicional chinesa de meditação, que ensina uma série de 5 exercícios suaves e baseia-se nos princípios de verdade, compaixão e tolerância. Em julho de 1999, Jiang Zemin decidiu “eliminar” a disciplina, que era praticada por mais de 70 milhões de chineses, segundo uma pesquisa oficial.
Cerca de 4 mil praticantes foram assassinados, e centenas de milhares definharam na prisão, de acordo com o Minghui, um website mantido por praticantes de Falun Gong que transmite informações em primeira mão a respeito da perseguição.
Entretanto, esses números provavelmente subestimam a real quantidade de vítimas da campanha. Indícios e denúncias apontam para um crime terrível que vem sendo orquestrado pelo governo chinês, hoje em dia. De acordo com pesquisadores e advogados, o Partido Comunista Chinês tem mantido seus prisioneiros de consciência como um banco de órgãos vivos. De acordo com a demanda, eles extraem os órgãos à força dos prisioneiros para vendê-los no lucrativo comércio de transplantes. Estima-se que entre 45 mil e 65 mil praticantes de Falun Gong foram mortos por seus órgãos desde que a perseguição começou.
Seguindo Ordens
Ben Hedges, que é britânico, é apresentador de um popular programa em língua chinesa, “A Laowai’s view of China & Taiwan”, e é frequentemente reconhecido nas ruas e livrarias de Taiwan quando ele visita o país. Importantes jornais de Taiwan, como Liberty Times, Apple Daily e China Times, noticiaram sobre o aprisionamento de sua sogra. Tanto Hedges como sua esposa, Crescent Dai, trabalham na sede de Nova York da NTDTV, um canal de televisão especializado em China que foi proibido no país por não seguir as regras de censura do Partido Comunista Chinês.
Crescent Dai, esposa de Ben Hedges, primeiro soube por seu pai a respeito do aprisionamento de sua mãe. Hedges, a seguir, telefonou para a polícia de Heilongjiang para verificar seu paradeiro.
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Deng Hui, subcomandante da polícia de Heilongjiang, contou a Hedges que Sheng fora aprisionada por submeter uma acusação criminal contra Jiang Zemin e que seria libertada após 10 dias. Quando inquirido um pouco mais, Deng disse que era “apenas um policial”, e que estava simplesmente seguindo ordens de superiores. Não está claro se eles realmente libertarão Sheng após 10 dias. Hedges disse que, em muitos casos semelhantes, isso não aconteceu.
O policial, na ocasião, começou a xingar Hedges e desligou. O Minghui identificou o policial como um ativo perseguidor dos praticantes de Falun Gong.
As tentativas do Epoch Times para contatar a estação de polícia não obtiveram sucesso.
Sheng Xiaoyun e seu marido, Daí Yi, foram encarcerados muitas vezes por praticar Falun Gong e reivindicar ao regime chinês o fim da perseguição. Autoridades chinesas também forçaram o casal a passar por sessões de lavagem cerebral na tentativa de forçá-los a renunciar à prática e declarar lealdade ao Partido.
O Minghui publicou um relato arrepiante sobre os abusos sofridos por Sheng enquanto ela estava detida em 2002: os guardas da prisão do Centro de Reabilitação em Harbin ordenaram que prisioneiros ferissem as pernas de Sheng para, depois, esfregarem sal nas feridas antes de cobri-las com fita adesiva.
O marido e a esposa também tiveram suas carreiras prejudicadas como parte da perseguição. Sheng Xiaoyun foi rebaixada de professora a trabalhadora na administração da escola em que trabalhava, enquanto Daí Yi, que possuía uma promissora carreira na indústria do petróleo, nunca mais conseguiu promoção após o início da perseguição.
Apoio
Fãs do programa de Ben Hedges, “A Laowai’s View of China & Taiwan”, ofereceram palavras de encorajamento e apoio após Hedges dar a notícia na página do programa no Facebook.
“Eu espero que ela esteja sã e salva. Há apenas poder, mas não há direitos humanos na China”, escreveu Jiang Yidou, de Taiwan.
Alicia Chu, também de Taiwan, escreveu: “Ajude sua sogra a emigrar ou conseguir residência nos Estados Unidos… Um país sem diretos humanos e que não se pauta pela lei é simplesmente bárbaro”.
“Ben Hedges não será silenciado por mexer com ele sem razão”, escreveu Lawrence Kao, de São José, Califórnia. Perseguir membros da família de ativistas de direitos humanos e dissidentes com o objetivo de silenciá-los é uma tática que vem sendo promovida pelo Partido Comunista. Hedges contou ao Epoch Times que tem a intenção de lançar um vídeo sobre o aprisionamento de sua sogra.
Ben Hedges planeja procurar seu representante no congresso para escrever para ao chefe do gabinete de segurança pública, ao governo da província de Heilongjiang e ao atual líder chinês, Xi Jinping.