Para prevenir conluio, quadros são forçados a estudar discursos do líder

15/11/2013 09:44 Atualizado: 15/11/2013 09:45

O 3º Plenário do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (PCC) se reuniu recentemente em Pequim e as tensões são elevadas. Segurança extra encheu as ruas, peticionários foram cercados e aglomerados em prisões e centenas de oficiais de alto escalão do PCC foram detidos e obrigados a memorizar discursos do líder chinês Xi Jinping.

Até que o PCC publique um comunicado após o término da 3ª Sessão Plenária em 12 de novembro, a versão oficial do que ocorreu não será reportada. O secretário-geral Xi Jinping e o premiê Li Keqiang devem apresentar propostas de reforma sobre uma série de questões sensíveis ao PCC, como as reformas agrária, das empresas estatais e das políticas de “manutenção da estabilidade” que reprimem o povo chinês.

Qualquer reforma significativa tocará os interesses de facções entrincheiradas do PCC e a oposição deve ser acirrada atrás de portas fechadas no salão de reuniões do Hotel Jingxi, onde o Plenário está sendo realizado.

Neste momento delicado, a liderança do PCC não quer nenhum grupo de interesse fora do Plenário expressando insatisfação com as decisões discutidas no interior. Assim, segundo a mídia estatal, 334 funcionários provinciais e ministeriais foram colocados em quarentena na Escola Central do PCC, nos arredores de Pequim, onde tinham acesso ao dormitório e ao refeitório da instituição.

De 4 a 8 de novembro, os funcionários foram divididos em 17 grupos. Eles despertavam às 7h diariamente e depois estudavam os discursos de Xi Jinping dia e noite. Os funcionários foram proibidos de se socializar entre si. Para se certificar de que estudavam bem, uma discussão de três horas sobre os discursos do líder era realizada a cada tarde.

As sessões de estudo foram feitas para fazer os funcionários “pensarem da mesma forma” e “obedecerem à autoridade central”. Todos também deviam declarar sua lealdade.

Em 9 de novembro, quando a 3ª Sessão Plenária começou, as sessões de estudo terminaram, mas os funcionários foram mantidos sob uma forma de prisão domiciliar e não seriam liberados até o término do Plenário.

Tática antiga

O ex-líder chinês Hu Jintao usou essa mesma tática em março de 2012. Três mil líderes dos Comitês dos Assuntos Político-Legislativos – os órgãos do PCC que controlam os sistemas legais e de segurança pública em todos os níveis administrativos – foram retidos para sessões de estudo que começaram em 21 de março.

Na época, Hu Jintao tinha acabado de agir contra Bo Xilai, um ex-membro do Politburo e um dos asseclas mais importantes da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin. Bo Xilai foi detido em 15 de março.

De acordo com membros do PCC, as sessões de estudo foram realizadas para evitar qualquer conluio ou conspiração entre os membros das forças de segurança, que poderiam agir em apoio a Bo Xilai.

A sessão de estudo recente incluiu funcionários do Comitê Central, de agências estatais, governos provinciais e municipais, empresas estatais, instituições financeiras e de faculdades e universidades.