As empresas europeias estão cada vez menos otimistas quanto a seus negócios na China, conforme revelou pesquisa recente realizada pelo maior grupo empresarial da Europa na China. O estudo também identificou as principais áreas em que a China precisa melhorar para manter os investimentos europeus em sua desacelerada economia.
Na pesquisa anual sobre confiança dos empresários realizada pela Câmara de Comércio Europeia, publicada este mês, 56% das 541 empresas europeias pesquisadas disseram que planejam expandir suas operações na China este ano, contra 86% em 2013. Vinte e quatro por cento das empresas, em especial as do setor de energia, também planejam reduzir sua força de trabalho para cortar custos.
Além disso, apenas 28% dos entrevistados disseram que estavam “otimistas” quanto a obter lucros na China.
“O pessimismo em relação ao desempenho atingiu um nível histórico”, disse Jörg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio Europeia e diretor da grande empresa química alemã BASF, à Associated Press. “É evidente que a desaceleração [econômica] exerce impacto sobre os planos de expansão das empresas”.
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O esfriamento da economia chinesa – depois de anos de crescimento na casa dos dois dígitos, a segunda maior economia caiu para 7,3% em 2014 – não é a única razão pela qual as empresas europeias querem sair.
Segundo a pesquisa da Câmara Europeia, quase dois terços das empresas sentem que o “ambiente legal imprevisível” na China é o maior obstáculo para fazer negócios, seguido por “questões administrativas” e “aplicação discricionária de regulamentações”.
Mais da metade das empresas europeias observaram que são discriminadas em relação a suas homólogas chinesas. Velocidade e acesso à Internet também foram mencionados como um problema, além das medidas de proteção ambiental das autoridades chinesas.
As empresas europeias também se mostraram preocupadas com a tendência do regime chinês em proteger a propriedade intelectual – apenas um quarto das empresas pesquisadas têm centros de pesquisa e desenvolvimento na China.
“Parece haver certa relutância em instalar seções de pesquisa e desenvolvimento na China, por causa da desconfiança”, disse Wuttke à Associated Press.
No entanto, grande parte das empresas europeias apoiam a campanha anticorrupção empreendida pelo líder chinês Xi Jinping – mais de 85% dos entrevistados concordam que as ações contra a corrupção dentro do Partido Comunista “atendem ou excedem suas expectativas”.
Embora a conclusão da Câmara Europeia seja que as empresas “costumavam ver o copo meio cheio”, mas “agora vêm o copo meio vazio”, Wuttke não crê em um êxodo de empresas europeias na China. Segundo a pesquisa, 71% das empresas europeias afirmam que a principal razão para se estabelecer em solo chinês é “fornecer bens e serviços para o mercado do país”.
Mas enquanto “não existe forma de evitar a China”, “ela já não representa o único destino dos investimentos”, disse Wuttke à agência de notícias alemã DPA.