Para dissidentes chineses no estrangeiro voltar à China é um sonho

27/04/2012 00:00 Atualizado: 27/04/2012 00:00

Hou Wenzhuo, uma ativista pela democracia na China que vive no Canadá. (Pam McLennan/The Epoch Times)

Ativistas advertem que devem ser respeitados os direitos à cidadania dos exilados no estrangeiro

Em entrevista ao Epoch Times, a Sra. Hou Wenzhuo, professora adjunta da Universidade de Ottawa, e proeminente ativista dos direitos humanos na China, apresentou sua visão sobre a situação dos chineses estrangeiros que têm proibida a entrada no próprio país. Ela assegura que tais violações dos direitos humanos são devido à ditadura do Partido Comunista Chinês (PCCh). Hou apresenta alguns casos.

Na primavera de 2008, o presidente do Partido Democrata chinês, Wang Juntao, cujo pai estava na fase terminal de sua doença, tentou por todos os meios visitá-lo pela última vez, mas sem sucesso.

Em 6 de março do mesmo ano, 16 famosos ativistas exilados que fizeram parte dos movimentos democráticos, incluindo Dan Wang, Yang Jianli, Hu Ping e Wang Juntao, emitiram um comunicado afirmando que se esforçariam em voltar a estar em conformidade com a legislação nacional e acordos internacionais, instando as autoridades chinesas que respeitassem as obrigações internacionais e respeitassem os direitos e a cidadania dos exilados no exterior.

Wang Juntao, um dos 16 exilados, disse em entrevista que suas exigências eram três: “Em primeiro lugar, prorrogar a validade do passaporte e assegurar o direito de retorno segundo a lei para os cidadãos que, tendo um passaporte válido para viajar no exterior, foram rejeitadas as prorrogações. Em segundo lugar, aqueles que fugiram do seu país de origem por causa da perseguição política, e que por tal motivo não têm um passaporte, que seja emitido seu passaporte e garantia dos direitos de regresso. Em terceiro lugar, que àqueles que possuem passaportes válidos esteja assegurado o acesso livre e seguro a sua pátria, bem como ao exercício dos direitos civis dentro dela.”

Outro exemplo é o editor de um jornal chinês na Nova Zelândia. Wang Ning estava planejando voltar para celebrar o Ano Novo chinês com seus pais octogenários. Em 19 de janeiro de 2010, Wang foi a uma agência de viagens que lhe reservou um bilhete de avião para a China e pediu um visto para visitar seus pais que vivem na Mongólia Interior, mas o dono da agência respondeu que seu pedido de visto foi rejeitado sem que a embaixada desse uma razão.

Shi Xingjian, um ativista chinês na Nova Zelândia, passou por uma experiência semelhante. Como não poderia voltar a reunir-se com seu velho pai, decidiu encontrar-se com ele num terceiro país, mas logo descobriu que seu pai, ameaçado pela polícia local não poderia fazer a viagem.

Outro ativista chinês que vive na Austrália, chamado Zhang Xiaogang, também está incluído na lista negra do regime chinês. Dois anos atrás sua irmã faleceu, por isto, Zhang queria voltar para assistir ao seu funeral, mas foi detido na alfândega de Luohu e não pôde entrar no país.

A senhora Hou Wenzhuo disse numa entrevista que acredita que “a embaixada e os departamentos diplomáticos chineses já estão cientes dos dissidentes no exterior, bem como dos praticantes do Falun Gong, e que à medida que mais pessoas se juntam a estes grupos, sua lista negra continuará crescendo.”

Posto que Hou tem um filho menor, pela segurança dele, ela ainda não tem planos de voltar. “As condições gerais de vida na China são muito ruins, especialmente para os dissidentes”, comentou ela.

“Que voltem sempre”

Por um lado, o PCCh coloca obstáculos para que os dissidentes chineses no estrangeiro não possam retornar a sua pátria, por outro lado exorta através dos meios de comunicação e exige por meio da legislação aos expatriados que “voltem sempre”. A este respeito, a Sra. Hou disse que “a CCTV [Televisão Central da China] não é mais que uma máquina de fraude, que intencionalmente fabrica mentiras para enganar as pessoas, tanto intelectualmente como emocionalmente. O ponto que tocamos agora é a decepção nos sentimentos dos cidadãos. Ou seja, não se limita a produzir mentiras no aspecto da informação, mas também decepciona os sentimentos do público provocando emoções. De cima a baixo, o partido comunista não passa de uma mentira.”

Hou continuou: “A amor filial aos pais é o verdadeiro sentimento do povo. No entanto, os meios de comunicação da ‘autoridade’ se aproveitam desta natureza humana para ganhar as lágrimas e a lealdade cega das massas.”

O povo chinês não tem consenso

Por causa de seu envolvimento na Revolução Jasmim, o coordenador da Sra. Hou foi atacado por espiões chineses, e suas conversas telefônicas monitoradas. Ela disse que se a situação atual dos direitos humanos e democráticos chineses não mudar, onde quer que os chineses estejam, jamais terão um sentido de segurança.

Hou disse que o povo chinês precisa de consenso, e afirma que “quando o povo chinês chegar a um consenso, nós poderemos unir esforços para deixar de resignar-nos a tais abusos, se este consenso chegasse a ser suficiente, algo significativo aconteceria. O que a ditadura chinesa mais teme é este tipo de difusão tranquila nas ruas, nas notas de curso legal, em postes de luz, nos panfletos da comunidade, etc., então as faíscas eventualmente acumuladas terminariam por converter-se numa luz brilhante que reuniria a uma miríade de pessoas, sejam os crentes perseguidos, os antigos desempregados por um encerramento das empresas estatais, ou aqueles que tiveram sua casa demolida, os peticionários maltratados e acadêmicos que recebem educação de baixa qualidade, todos aqueles que querem democracia e justiça, eles precisam acabar com a ditadura, precisam proteger os direitos humanos e respeitar a cidadania, é assim que se forma o consenso.”