Eduardo Campos, Aécio Neves e Dilma Rousseff mais pareciam a encarnação das famílias Ford, Rockefeller, Tyssen e quantos outros potentados industriais que tentaram amoldar o planeta a seus interesses e concepções, mesmo os mais mesquinhos do começo do século passado. E os atuais. Também, não tinham alternativa os três presidenciáveis que enfrentaram, em separado, 700 dos mais importantes industriais brasileiros ou estabelecidos no Brasil.
Foi ontem, na Confederação Nacional da Indústria, em Brasília. Intimidados ou espertos, os candidatos apresentaram promessas que as elites industriais queriam ouvir: redução de impostos, isenção de encargos, diminuição de juros, facilidades de crédito, extinção de deveres sociais, diminuição das prerrogativas do poder público e estado mínimo. Foram aplaudidos, é claro. Serviram os pratos que os comensais esperavam. Caso diferentes suas mensagens, sentiriam o rumor surdo da discordância do auditório de que necessitam para reforçar suas candidaturas e financiar suas campanhas.
A gente fica pensando como se comportarão Aécio, Eduardo e Dilma se atenderem convite da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, das Centrais Sindicais, do MST e congêneres. Certamente defenderão o aumento do salário mínimo, a preservação e até a ampliação dos direitos trabalhistas, mais investimentos sociais, diminuição da jornada de trabalho, participação dos empregados no lucro das empresas e outras reivindicações dos assalariados.
Para cada Brasil, um discurso diferente. Como disse dias atrás a presidente da República, dois pesos e dezenove medidas, tudo para agradar as diferentes plateias e conquistar seus votos. Depois, o eleito comemorará a vitória sem poder atender um mínimo de suas promessas, mas também, para quê? Conquistado o poder, haverá que gozar de suas vantagens…
Podem parecer um tanto amargas essas conclusões, mas a verdade é que o jogo político continua presidido pela máxima do “me engana que eu gosto”, válida para todos os contendores. Candidatos e categorias diversas, pensam apenas na concretização de seus interesses. Um dia, tomara que bem para o futuro, a corda vai arrebentar.
O grande confronto
Em São Paulo, o verdadeiro embate político não se dará, salvo inusitado, entre Geraldo Alckmin e Alexandre Padilha. Talvez nem entre o atual governador e Paulo Skaf. O divisor de águas será entre José Serra e Eduardo Suplicy, candidatos ao Senado. Isso na hipótese de o PT acordar e apostar seus cacifes no atual senador, visto com certa distância por seus próprios companheiros. Lula e companhia tiveram que engoli-lo, na falta de outro. Agora, será apoiá-lo com todas as forças para que o PT não fique completamente desmoralizado em sua maior base política. Espera-se que a presidente Dilma venha em seu socorro.