Na China antiga, como diz a história, o Imperador utilizava palitos de prata para comer; eles ficavam pretos se a comida que tocassem estivesse envenenada.
A China moderna tem agora uma aplicação para eles: os palitos chineses inteligentes prometem detectar água contaminada, óleo reutilizado e produtos químicos nos alimentos.
O produto surgiu em resposta à preocupação geral do povo chinês sobre o que comer, devido aos constantes escândalos como o da carne falsificada, óleo reutilizado (óleo produzido em fábricas que usam restos de óleo e gorduras animais descartados pelos restaurantes), assim como arroz e leite adulterados.
Como se fosse um novo smartphone, o produto veio a público pela primeira vez em uma apresentação técnica feita por Robin Li, presidente e CEO (Diretor Executivo) da Baidu Inc., principal navegador da internet na China. Os palitos são conectados a um aplicativo de Smartphone via Bluetooth.
“Trazendo uma vida saudável para o povo chinês”, foi o slogan da Conferência de Inovação Tecnológica Baidu 2014, em Pequim, realizada em 3 de setembro.
O dispositivo tem três funções básicas: analisar a qualidade do óleo e classificá-lo como superior, bom, ou ruim; identificar os níveis de PH e de acidez ou alcalinidade de líquidos e também analisar o nível de açúcares e até mesmo a origem das frutas.
A informação recolhida pelos palitos é transmitida para o aplicativo de celular, que a analisa enviando a conclusão aos palitos. Em seguida, uma luz LED acende-se no dispositivo: azul significa boa qualidade, vermelho significa fique longe.
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A Baidu postou um vídeo sobre os palitos chineses inteligentes no Dia da Mentira. O vídeo se tornou viral, porém foi levado na brincadeira.
“Mas agora nós fabricamos o produto”, disse Robin Li. A Baidu ainda não confirmou quando o produto será lançado no mercado.
As reações na internet variaram desde a alegria pela novidade até a decepção, devido ao fato de alguns não considerarem o produto necessário. “Se a qualidade dos nossos alimentos estivesse garantida, por que precisaríamos desses palitos?”, disse Cheer Liu.
A segurança alimentar tornou-se um grave problema social na China nos últimos anos. O regime anunciou penas de prisão de até oito anos para 39 pessoas em 17 casos de segurança alimentar. Eles foram condenados por adicionar contaminantes químicos, como o sal industrial, no processamento de carnes, frutos do mar, legumes e até mesmo medicamentos. Os tribunais disseram que um grupo produzia e vendia três toneladas de brotos de feijão contaminados por dia.
Em 2013, a polícia da cidade costeira de Wenzhou descobriu 10 usinas clandestinas que usavam grandes quantidades de produtos químicos e corantes para limpar carne vencida e vendê-las ao público. O Ministério da Segurança Pública publicou, em 2013, um aviso aos consumidores de Xangai: os produtos comercializados como carne de cordeiro poderiam, na realidade, serem carne de ratos, raposas e martas.
Descobriu-se que o Grupo Sanlu, uma das principais empresas de laticínios na China, produziu uma fórmula que contém melanina, uma substância química mortal, em 2008. O veneno matou seis bebês e adoeceu mais de 300 mil pessoas.
“Não há alimentos que possamos comer”, escreveu uma usuária da Internet de apelido KathieCANke no Sina Weibo, a versão chinesa do Twitter. “Tudo está contaminado.”
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