Um jornalista sênior do Diário Jovem de Pequim foi preso recentemente na capital chinesa por aceitar suborno, o mais recente de vários jornalistas na China acusados de vender a seleção e o conteúdo de notícias em seus jornais.
Xiong Xiong, editor-chefe de tecnologia do Diário Jovem de Pequim, foi preso pela Procuradoria do Distrito Chaoyang de Pequim por aceitar subornos de dezenas de milhares de yuanes, segundo a revista de negócios Caixin. Algumas mídias chinesas relataram que o volume de dinheiro envolvido ultrapassaria um milhão de yuanes (US$ 165 mil dólares).
Uma fonte no Diário Jovem de Pequim disse a Caixin que Xiong aceitou subornos várias vezes. “Todos aqui sabem que ele sempre recebia todo o tipo de dinheiro”, disse a fonte. “[Mesmo] empresas de relações públicas não têm boas relações com ele.” Xiong trabalhou no Diário Jovem de Pequim por 14 anos e reportou sobre tecnologia por mais de uma década, informou a Caixin.
No mês passado, três jornalistas financeiros que trabalham para jornais de Hangzhou, o Morning Express e dois jornais de propriedade do Diário de Hangzhou, foram presos e julgados para aceitarem dinheiro de empresas de RP para publicar notícias tendenciosas. O tribunal ainda não anunciou um veredito.
Em outubro, o repórter Chen Yongzhou, que trabalhava no jornal New Express em Guangzhou, também foi preso por aceitar suborno para publicar matérias criticando a ‘Zoomlion Heavy Industry Science & Technology Development Co. Ltd.’, uma indústria estatal de grande porte. A emissora estatal China Central de Televisão (CCTV) exibiu ao vivo a confissão humilhante de Chen admitindo receber dinheiro pelas reportagens, mesmo sem ter sido acusado formalmente ou muito menos julgado.
No entanto, o público em geral acreditou nos artigos sobre a Zoomlion e questionou a prisão arbitrária de Chen, observando que havia falta de provas contra Chen, exceto sua confissão forçada, e nenhuma informação sobre quem o teria subornado. Mas o governo local é um dos maiores acionistas da Zoomlion.
No início deste ano, em agosto, outro jornalista, Yang Kairan, que trabalhava para a mídia estatal Jinghua Times, foi colocado sob custódia por aceitar subornos por jornalismo enganoso.
A autora chinesa e economista He Qinglian disse num artigo de comentário que notícias pagas são um “segredo público” bem conhecido na China. Para vencer a competição entre empresas, subornar jornalistas pela publicação de matérias é utilizado frequentemente como ferramenta para atacar concorrentes.
O envolvimento do poder político nos negócios também é responsável direto pela mídia chinesa estar nesta situação caótica, disse He Qinglian. Ao contrário das democracias, todo o poder na China – incluindo política, economia, militar e cultura, áreas em que a mídia tem um papel primordial de informar e formar opinião – é controlado por diferentes grupos de interesse no Partido Comunista Chinês, disse ela.