Outro alto oficial chinês responsável por genocídio é preso na China

22/07/2014 13:39 Atualizado: 22/07/2014 13:39

Outro funcionário de alto escalão do Partido Comunista Chinês, envolvido na perseguição genocida à prática espiritual do Falun Gong, foi preso na China. Sua prisão foi recebida com aplausos na internet chinesa.

Em 20 de julho, o escritório disciplinar do Partido Comunista Chinês (PCC) anunciou que Wu Changshan, o chefe da Secretaria de Segurança Pública na metrópole de Tianjin, no Norte da China, foi detido para investigação. O anúncio disse que Wu era suspeito de “graves violações da lei”.

Desde que Xi Jinping se tornou secretário-geral do PCC em novembro de 2012, tem havido investigações contínuas de funcionários do regime por “corrupção”. Até o momento, mais de 400 funcionários foram eliminados nesse expurgo político. Wu, de 60 anos, é o primeiro oficial de nível provincial a ser exonerado em Tianjin. O anúncio se seguiu a uma viagem de auditoria de 12 dias à Tianjin realizada pelo Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID).

O anúncio surpreendeu, pois, na semana anterior a detenção de Wu, ele ainda estava ativo em atividades públicas e na TV. Por exemplo, Wu participou da transmissão ao vivo da rádio tráfego de Tianjin em 11 de julho e respondeu a perguntas do público. A presença em público é frequentemente um sinal na China de que um funcionário está atuando livre de suspeita da Central do PCC.

Aprovação pública

Mais de 13 mil internautas postaram comentários sobre a queda de Wu. No geral, os internautas aplaudiram a prisão e expressaram raiva e desprezo por Wu. “Os injustos estão condenados à destruição! Ele [Wu] está cheio de iniquidades e finalmente recebeu retribuição”, comentou um internauta no Tencent. Muitos internautas concordaram com o comentário.

Associados próximos de Wu foram acusados de corrupção no passado, levando a rumores de que o próprio Wu era culpado. Depois que Song Pingshun, o mentor e chefe de Wu por décadas, cometeu suicídio em 2007, o CCID acusou Song de abuso de poder para obter “enormes lucros ilegais” em favor de uma amante, “provocando efeitos graves e adversos”.

Um ano antes do suicídio de Song, o ex-vice-diretor da Secretaria de Segurança Pública de Tianjin, Li Baojin, que trabalhou sob Wu, também foi investigado pelo desvio de milhões em fundos públicos e abuso de poder. Embora os crimes dos associados de Wu sugiram a analistas que ele também seria culpado de corrupção, tal acusação ainda não foi feitas pelas autoridades.

Perseguição

Como chefe da Secretaria de Segurança Pública, Wu ajudou a liderar a perseguição ao Falun Gong em Tianjin. A campanha contra o Falun Gong havia sido lançada em 1999 em todo o país pelo então líder chinês Jiang Zemin.

De acordo com o Centro de Informação do Falun Dafa, centenas de milhares de praticantes têm sido mantidos encarcerados na China nos últimos 15 anos. Mais de 3.700 praticantes tiveram suas mortes por tortura e abusos confirmadas, embora, devido à dificuldade de se obter informação da China, o número real seja muito maior. Investigadores afirmam que dezenas de milhares de praticantes foram mortos por meio da extração forçada de órgãos para abastecer a indústria de transplante da China.

O Minghui.org, um website do Falun Gong, que cobre em detalhes esta perseguição genocida que ocorre na China, informou que Wu deu uma ordem em dezembro de 2006 num discurso para 200 taxistas, obrigando-os a recolher informações sobre os praticantes do Falun Gong. O relatório diz que Wu prometeu recompensar em até 20 mil yuanes (US$ 3.222) quem oferecesse informações úteis, e exigiu que 3.000 taxistas fossem alistados e mobilizados no trabalho de coletar informações sobre o Falun Gong.

Outras reportagens do Minghui mencionam o papel de Wu na prisão de praticantes do Falun Gong que foram posteriormente torturados e sentenciados ilegalmente à prisão. A ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ (WOIPFG) publicou uma nota pedindo ao público que documente os crimes de Wu na perseguição aos praticantes do Falun Gong na China.

‘Corrupção’

Jiang Zemin promoveu um grande número de funcionários que atuaram ativamente na perseguição ao Falun Gong. Embora Jiang tenha se aposentado em 2003, ele desempenhou um papel significativo nos bastidores do regime comunista até 2012, quando o Xi Jinping assumiu o poder.

Antes da posse de Xi como secretário-geral, os membros da facção de Jiang planejaram um golpe de Estado para derrubar Xi, segundo fontes no alto escalão do PCC. Jiang temia que Xi, que não tem participado ativamente na perseguição, pudesse acabar com a campanha. Assim, aqueles que cometeram crimes na perseguição ao Falun Gong poderiam ser responsabilizados. Xi soube do golpe planejado e, logo que assumiu o poder, ele começou a prender os membros da facção de Jiang, na maioria das vezes sob a acusação de “corrupção”.

Wu Changshan é o mais recente funcionário preso que esteve fortemente envolvido na perseguição. Eles incluem: Bo Xilai, um ex-membro do Politburo; Li Dongsheng, o ex-chefe da agência encarregada de coordenar a campanha contra o Falun Gong; Li Chungcheng, o ex-vice-chefe da província de Sichuan; Wan Qingliang, um membro do Comitê Permanente do Partido Comunista na província de Guangdong, e assim por diante.

Zhou Yongkang, o ex-chefe da segurança interna, e Zeng Qinghong, o ex-chefe dos serviços de inteligência da China, também foram presos, segundo fontes no alto escalão do PCC. Estas detenções não foram formalmente anunciadas pelas autoridades.