Turquia pode recuar em sua decisão de comprar sistemas de defesa de mísseis da China, depois de receber fortes críticas de seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), incluindo os Estados Unidos, sobre a proposta de compra.
A Turquia queria comprar mísseis superfície-ar (SAM, na sigla em inglês) e estava aceitando propostas para contrato. Os SAM são usados para interceptar aeronaves e mísseis, e a rede de defesa antimíssil da OTAN age para defender os aliados da OTAN contra ataques inimigos.
Para a surpresa de seus aliados, a Turquia anunciou em 26 de setembro que selecionou o sistema SAM FD-2000. O sistema de US$ 3,44 bilhões produzido pela empresa estatal chinesa de defesa ‘China Precision Machinery Import & Export Corp.’ (CPMIEC).
Aliados da OTAN utilizam um sistema interligado de defesa antimíssil. Publicamente, oficiais de diferentes países pediam a Turquia que comprasse de um país diferente, alegando que o sistema de defesa de mísseis da China não é compatível com os sistemas da OTAN.
No entanto, a IHS Jane abordou um lado diferente da história. A empresa de inteligência falou com o general Philip Breedlove, da Força Aérea dos EUA e Comandante Supremo Aliado na Europa (SACEUR), sobre o tema. O general deu a entender que a verdadeira polêmica com os mísseis chineses é sobre a segurança da rede.
“Estamos extremamente ansiosos que os parceiros da OTAN considerem equipamentos que sejam compatíveis e aceitáveis para conectarem nas redes que controlamos”, disse Breedlove à IHS Jane. Ele acrescentou que o sistema precisa “ter os mesmos requisitos de segurança do sistema da OTAN”.
Um jornal turco, o Hurriyet Daily News, citou um diplomata militar anônimo de um Estado membro da OTAN dizendo: “O próprio sistema de comando e controle da OTAN que ‘combina’ os dados das redes aliadas é muito mais importante do que um sistema de defesa aérea chinesa na Turquia.”
“Não há lugar para a China dentro deste sistema crítico”, disse o oficial. “Não gostaríamos de ver um vírus num sistema complexo.”
Autoridades dos EUA e da OTAN foram críticas sobre a decisão da Turquia. O embaixador americano Francis Ricciardone disse a repórteres em 24 de outubro que os Estados Unidos expressaram à Turquia suas preocupações, informou a Reuters.
A Turquia agora está recuando sobre os SAM chineses. Em 8 de novembro, o ministro da Defesa turco Ismet Yilmaz pediu novos licitantes para contrato. “Se houver impasse com o primeiro licitante, escolheremos o segundo licitante”, disse ele, informou a Reuters. “Então, nós recomendamos, ampliem a validade de suas propostas, foi o que pedimos.”
Agora, a Turquia provavelmente escolherá um sistema de defesa de mísseis de outro país que não a China. Se o negócio dos SAM tivesse se concretizado, não teria sido a primeira compra de sistemas de mísseis chineses pela Turquia.
Em 30 de agosto de 2009, a Turquia exibiu vários sistemas de mísseis chineses em seu desfile do Dia da Vitória. Eles incluíam os mísseis pesados B-6111 de longo alcance e os lançadores de foguetes múltiplos WS-2 LMR também de longo alcance, ambos da China.