Os órfãos da AIDS na Ásia

31/05/2013 16:44 Atualizado: 31/05/2013 20:38
O órfão cambojano Chang Saron, de 8 anos, diante de retratos de vítimas da AIDS na ONG ‘Parceiros na Compaixão no Camboja’ na província de Takeo, cerca de 45 quilômetros ao sul de Phnom Penh (Tang Chhin Sothy/AFP/Getty Images)

O grande número de órfãos da AIDS na Ásia é uma das mais graves consequências da epidemia do HIV/AIDS hoje. O número de crianças se tornou tão grave que a UNICEF tem incluído um indicador relacionado à incidência de HIV/AIDS em sua “medida dos riscos da infância”.

Embora a Tailândia tenha um grande número de órfãos da AIDS – geralmente definidos como crianças menores de 15 anos que perderam a mãe ou ambos os pais devido à doença – os números são elevados em outros países asiáticos também. No Camboja, Malásia e Índia, o aumento dos órfãos da AIDS é semelhante a países como a Namíbia, África do Sul e Botswana. De acordo com o Ministério da Saúde da China, há pelo menos 100 mil órfãos da AIDS na China, embora muitos acreditem que esse valor seja subestimado.

A orfandade é um problema mundial. Estima-se que, até o fim de 2010, 106 milhões de crianças perderam um ou ambos os pais e 25 milhões delas ficaram órfãs por causa da AIDS. Embora, proporcionalmente, o número de órfãos da AIDS na Ásia seja muito menor do que na África Subsaariana, em números absolutos, há mais órfãos da AIDS na Ásia do que na África.

Crianças órfãs de pais vítimas da AIDS são susceptíveis de desnutrição e má educação e tem maior risco de serem infectados pelo HIV. Ao mesmo tempo, porque são emocionalmente vulneráveis, quando crescem, elas tendem a se envolver em comportamentos sexuais de risco que pode levar a um círculo vicioso de abuso e exploração.

O que torna essa situação particularmente preocupante é que o número de órfãos continuará a subir pelo menos durante a próxima década. Órfãos do HIV/AIDS são parte de um problema muito maior, já que os países que têm altas taxas desses órfãos também têm um alto número de crianças diretamente afetadas pela epidemia e que são igualmente vulneráveis. Embora o número total seja difícil de avaliar, estima-se que mais de 3,4 milhões de crianças no mundo vivam com HIV/AIDS.

Porque órfãos da AIDS podem perder algumas habilidades valiosas na vida transmitidas pelos pais, eles são mais propensos a enfrentar problemas de saúde, sociais e econômicos enquanto crescem. Além disso, os órfãos, particularmente os de famílias mais pobres, têm menos probabilidade de frequentar a escola em relação a crianças não órfãs.

É necessário desenvolver grandes campanhas educativas para conscientizar os adultos dos perigos da infecção, não só para si, mas também os riscos que isso representa para seus filhos. Para ajudar os órfãos da AIDS de uma forma mais pragmática e imediata, é necessário fortalecer a capacidade das famílias colaterais para protegerem e cuidarem das crianças órfãs, fornecendo-lhes ajuda financeira por meio de conselhos locais ou governos provinciais.

Bjorn Ljungqvist, representante da UNICEF na Etiópia, declarou, “Em todos os países onde há uma grande epidemia de HIV/AIDS, primeiramente, não se vê qualquer órfão, pois eles são absorvidos pelos sistemas tradicionais. Então, de repente, parece se chegar a um ponto de ruptura e começa-se a encontrar essas crianças nas ruas, trabalhando em condições difíceis ou mesmo famílias chefiadas por crianças.”

As necessidades especiais de crianças órfãs também devem ser abordadas em respostas baseadas na comunidade e aumentando a capacidade dos orfanatos locais. É fundamental diminuir o estigma em torno da infecção por HIV. Devido ao estigma, muitas crianças órfãs não têm acesso à educação ou a cuidados de saúde e podem acabar vivendo nas ruas.

Muitas vezes, órfãos da AIDS são suspeitos de estarem infectados com HIV, uma situação que os estigmatiza ainda mais. É fundamental não só desenvolver novas políticas governamentais, incluindo legislação, educação e emprego, mas se certificar de que essas políticas sejam implementadas.

César Chelala, MD, PhD, é um consultor internacional de saúde pública e autor do livro “AIDS: Uma epidemia moderna”, uma publicação da Organização Pan-Americana de Saúde.

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