WASHINGTON – Valentes defensores dos direitos humanos chineses no Congresso dos EUA ofereceram críticas qualificadas sobre a condução do caso de Chen Guangcheng e expressaram esperanças de uma solução positiva para o caso numa audiência de emergência em 3 de maio.
Do outro lado do Pacífico, altos oficiais dos EUA, incluindo a secretária de Estado, Hillary Clinton, tiveram no mesmo dia discussões abertas sobre o Diálogo Estratégico e Econômico num fórum de alto nível entre os líderes dos países que conseguiu prosseguir apesar das notícias a respeito de Chen.
O advogado autodidata cego Chen escapou da prisão domiciliar extralegal em 22 de abril e entrou sob custódia dos EUA em 27 de abril. Agora, ele está num hospital de Pequim se recuperando, enquanto o regime chinês e as autoridades norte-americanas tentam mediar um novo acordo, depois que um compromisso anterior tênue se rompeu quando Chen deixou a custódia dos EUA. “Os olhos do mundo estão observando para ver se seus desejos serão respeitados pelo governo chinês”, disse Chris Smith na audiência, que foi realizada pela Comissão Executiva do Congresso sobre a China (CECC).
Smith disse que estava “gravemente preocupado” sobre o estado de Chen e de seus apoiadores, lembrando que He Peirong, o ativista que supostamente resgatou Chen após sua fuga, permanece incomunicável. Considera-se que ela foi detida pelas forças de segurança comunistas.
Frank Wolf, outro proeminente congressista defensor dos direitos humanos na China, disse que a administração Obama era “ingênua em aceitar garantias de um governo que tem uma história bem conhecida e documentada de reprimir seu povo”. O caso de Chen é “sintomático dos abusos de direitos humanos cometidos pelo governo chinês contra seu próprio povo”, disse Wolf.
As autoridades do governo têm enfatizado que Chen voluntariamente deixou seus cuidados depois de receber promessas de segurança e oportunidade de educação superior das autoridades chinesas. Em entrevistas posteriores com a mídia, no entanto, Chen disse que este acordo foi realizado sob a ameaça de que se Chen não deixasse a embaixada imediatamente em 2 de maio, sua esposa e filhos seriam enviados de volta a seu vilarejo de Dongshigu, local dos abusos que Chen tinha acabado de escapar.
Após sua fuga, Chen disse que recebeu a notícia de que os guardas locais intensificaram seus esforços contra sua família, instalando uma cerca elétrica ao redor da residência, a instalação de sete câmeras de vídeo no interior, e dormiam e comiam na casa. Chen se tornou um alvo depois de expor a violência associada à implementação da política do filho único em Shandong, incluindo abortos e esterilizações forçadas.
A audiência do Congresso foi realizada em meio à incerteza sobre o futuro de Chen, e os participantes pressionaram os EUA a fazer mais. “A administração Obama tem grande obrigação moral de proteger Chen e sua família. Fazer qualquer coisa menos seria escandaloso”, disse o congressista Wolf.
Sophie Richardson, diretora do Human Rights Watch para a China, perguntou-se por que altos oficiais norte-americanos, incluindo a secretária Hillary Clinton, o secretário Geithner e o embaixador Locke simplesmente não puderam entrar num carro, dirigir para o hospital, e “insistir em ter acesso a ele”.
Hillary Clinton deve fazer uma declaração pública a respeito de seus desejos sobre o caso de Chen, disse T. Kumar da Anistia Internacional. “Que os EUA se levantem, e que a secretária Hillary Clinton, enquanto está na China, se levante.”