Apesar de ser potencialmente um dos países mais ricos do mundo, a Rússia ainda enfrenta vários desafios que impedem o desenvolvimento do país, como a emigração de jovens e problemas demográficos e de saúde pública.
A falta de oportunidades e as crescentes dificuldades econômicas estimulam muitos jovens a emigrarem, principalmente para a Europa e os Estados Unidos. Aqueles que emigram querem ampliar seus horizontes e terem melhores oportunidades, porque se sentem restringidos pelo clima de corrupção no país.
Estima-se que entre 2008 e 2011 mais de 1,25 milhão de russos emigraram, um número ainda maior do que os que emigraram após o colapso da União Soviética. Uma pesquisa realizada em 2010, por exemplo, descobriu que 21% dos russos querem emigrar, em comparação com os 5% que queriam fazê-lo em 1991, o ano do colapso da União Soviética.
Nas duas últimas décadas, uma demografia em envelhecimento e seus efeitos sobre a sociedade russa têm sido o foco do debate. Há agora um consenso universal de que se a Rússia não resolver esse problema, seu status como potência mundial será seriamente comprometido. A Rússia experimentou recentemente um fenômeno semelhante ao de vários países desenvolvidos, uma população que envelhece rapidamente com constante declínio das taxas de natalidade. No entanto, enquanto pessoas que vivem na maioria dos países industrializados têm aumentado a expectativa de vida, na Rússia, este fenômeno é marcado pelo status relativamente baixo da saúde de sua população.
Esses fatores, além de políticas de imigração restritivas e baixas taxas de fertilidade, levaram a Rússia a um constante processo de despovoamento. Estima-se que entre 1993 e 2010, a população da Rússia tenha sido reduzida de 149 para 142 milhões de pessoas. Se as tendências atuais continuarem, a população da Rússia em 2050 será de 100 a 107 milhões, o que seria um desastre demográfico para um país tão grande.
Graves problemas de saúde entre os russos são o resultado de altas taxas de tabagismo e consumo de álcool, bem como um elevado número de pessoas que vivem com HIV/AIDS. Estima-se que mais de dois milhões de homens sejam HIV positivo e a epidemia não mostra qualquer sinal de diminuir. Cerca de 80% dos infectados com HIV têm menos de 30 e a epidemia está intimamente associada com altos níveis de uso de drogas intravenosas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), doenças cardíacas, agravadas pelo álcool e tabaco, são responsáveis por mais de 1,2 milhão de mortes a cada ano. De acordo com outro estudo, o aumento do consumo de álcool desde 1987 causou mais de três milhões de mortes no país. Estima-se que uma em cada oito mortes sejam atribuídas a doenças relacionadas ao álcool.
Na Rússia, palavras e símbolos são mais importantes do que a realidade. Vladimir Putin, seja como presidente ou primeiro-ministro, tentou várias vezes usar símbolos para conseguir apoio para suas políticas. Um desses símbolos é a ideia da Rússia como uma fortaleza isolada, cercada por inimigos poderosos, particularmente os Estados Unidos. No entanto, apesar do uso desses símbolos, há grande antagonismo em relação a Putin, especialmente entre os jovens e intelectuais de todas as idades. Muitos acreditam que, embora sempre tenha havido corrupção na Rússia, nunca foi tão grande como agora. Essa situação é agravada pela manobra de Putin de permanecer no poder indefinidamente, uma questão que preocupa muitos russos.
Desde que assumiu o poder novamente, Putin tem exacerbado os aspectos negativos de seu regime: a consolidação do poder, o controle rigoroso da mídia e da economia, a manipulação eleitoral, a censura e a propaganda nos meios de comunicação controlados pelo Estado e a perseguição de adversários políticos, empresários e críticos do regime.
Entretanto, o público parece menos disposto a suportar os abusos do governo e os protestos contra o regime atual são constantes, apesar das enormes multas estabelecidas pelo governo para qualquer tipo de manifestação popular. E não há dúvida de que Putin enfrentará crescentes críticas por suas políticas de mão de ferro. Devido a essas circunstâncias, é impossível prever com certeza que direção os eventos tomarão. Mas está claro que os líderes russos enfrentam uma diversidade de problemas complexos. Como eles responderão a esses desafios determinará o tipo de país que a Rússia se tornará.
César Chelala, MD, PhD, é consultor internacional de saúde pública e autor do livro “AIDS: Uma epidemia moderna”, uma publicação da Organização Pan-Americana de Saúde.
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