Organização terrorista anuncia criação de califado islâmico

30/06/2014 12:50 Atualizado: 30/06/2014 14:47

Os jihadistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis) anunciaram neste domingo (29) o estabelecimento de um califado, regime político desaparecido há um século. Em uma gravação de áudio divulgada na internet, os terroristas designaram o chefe Abu Bakr al-Baghdadi como o califa, portanto, líder dos muçulmanos em todas as partes do mundo.

É curioso que esse bando tenha resolvido se chamar de “Estado”. Mas é a denominação correta. Todo Estado que não for fortemente manietado em seu impulso guerreiro – dando origem ao Estado democrático de direito – é mais ou menos assim mesmo. Seu fundamento é a guerra e sua origem é sempre um bando armado.

Não há como enfrentar essas coisas com a guerra. Porque elas são, justamente, frutos da guerra. Se qualquer coligação de Estados-nações das chamadas potências mundiais for lá destruir tal grupo, surgirão outros grupos, mais pirados ainda. Desde que haja – e enquanto houver – ambiente para tanto.

Tudo isso acontece (e aconteceu neste caso) em um ambiente especialmente configurado para que aconteça (e acontecesse): o ambiente da guerra na Síria, que começou há mais de três anos com uma onda de protestos pacíficos que rapidamente levaram a conflitos armados. Até agora, 162 mil sírios foram mortos e mais de nove milhões foram forçados a deixarem suas casas.

Mas além das perdas humanas e dos severos sofrimentos infligidos às pessoas, uma coisa tão ou mais cruel é gestada quando se configuram tais ambientes. Eles capturam o futuro, restringem ao máximo a esfera das liberdades ao deformarem o fluxo interativo da convivência social. E fazem isso simplesmente transformando tudo em guerra. Não, o objetivo não é vencer nenhum inimigo. O objetivo é ter sempre inimigos para poder manter a guerra.

A guerra é, em si, o mal, não este ou aquele guerreiro, não este ou aquele lado. Quando é que vamos entender isso?

Se as grandes manifestações de fevereiro de 2011 na Síria tivessem continuado de forma pacífica, tal ambiente não se configuraria.

Augusto de Franco é escritor, palestrante e consultor 

O conteúdo deste artigo não representa necessariamente a posição do Epoch Times