Estudo pode lançar nova luz na exploração da vida no espaço
Os cientistas descobriram procariontes que acreditam estivessem vivos quando ficaram presos em cristais de sal há 34 mil anos atrás, de acordo com um estudo publicado em janeiro de 2011 no GSA Today, um periódico de acesso livre do The Geological Society of America.
“Sabe-se que os micróbios existem em habitats de subsuperfície, tais como sedimentos do subsolo do mar e da crosta continental e oceânica, a profundidades de até 3 km”, diz o jornal.
“Procariontes (organismos unicelulares sem um núcleo e outras estruturas especializadas ligadas à membrana) nestes ambientes subterrâneos vivem na água dentro dos poros de sedimentos e fraturas de rocha.”
Organismos também foram encontrados em geleiras de até 8 milhões de anos, segundo o jornal.
“Coletivamente, estas descobertas estenderam o domínio da biosfera à crosta da Terra e deram esperança de encontrar vida sob a superfície de outros planetas, luas, asteroides e cometas do nosso sistema solar, onde as condições presentes da superfície são inóspitas”, lê-se no jornal.
Os pesquisadores e doutores Tim Lowenstein e Michael Timofeeff da Universidade Estadual de Nova York em Binghamton, e o Dr. Brian Schubert da Universidade do Havaí em Manoa (doutorando da Universidade Estadual de Nova York em Binghamton, no momento do estudo), encontraram organismos presos em inclusões fluidas, áreas microscópicas de gotículas de água, dentro de cristais de sal, e foram capazes de cultivá-las num ambiente laboratorial.
“Os organismos são chamados archaea, um dos dois domínios de procariontes (o outro é bactéria)”, Lowenstein contou ao Epoch Times.
“Fomos o primeiro grupo a olhar dentro dos sais antes de tentar cultivar os micróbios encontrados neles”, acrescentou Timofeeff.
“Eles estão presos ao lado de um tipo de alga chamada Dunaliella, o que só acontece para produzir alimentos que os archaea precisam para sobreviver, o glicerol, composto de açúcar e álcool”, disse Lowenstein, explicando como os organismos puderam sobreviver por tanto tempo.
No entanto, a luz não pode entrar nos cristais, então as algas não sobrevivem, e os archaea foram deixados apenas com a quantidade de glicerol que as algas tinham no momento em que foram presas. Como os archaea estavam num sistema isolado, a reprodução seria difícil, levando os pesquisadores a acreditarem que os organismos que encontraram vivos são os mesmos presos nos cristais 34 mil anos atrás, e não seus descendentes.
“Eles podem se reproduzir, mas em algum momento eles vão usar os seus recursos disponíveis e as condições de vida vão se tornar desfavoráveis”, disse Timofeeff.
Comparado com os seus homólogos modernos, estes organismos antigos são mais redondos e menores.
“Acreditamos que esta é uma evidência de que as células se mudaram para um modo de sobrevivência de inanição e miniaturizaram-se”, disse Timofeeff. “Quando as condições de vida se tornam desfavoráveis, alguns micróbios são capazes de mudarem para um modo de sobrevivência de inanição e miniaturizarem-se”.
Cristais de sal que possuem 63 mil anos de idade contendo micróbios foram encontrados juntamente com os de 34 mil anos, mas os pesquisadores não tinham certeza se os organismos neles estavam vivos.
“A única maneira que podemos ter 100% de certeza que qualquer micróbio que observamos dentro de uma inclusão fluida está vivo é dar-lhe condições favoráveis para o crescimento e ver se ele cresce”, disse Timofeeff.
“Há uma série de razões pelas quais um micróbio preso dentro de uma inclusão não possa crescer. Os fatores de sobrevivência não são bem conhecidos. Sabemos que eles deveriam ter glicerol suficiente para consegui-lo”.
Os pesquisadores também observaram que um estudo anterior reivindicou a descoberta de uma bactéria presa num cristal formado no período Permiano (299-251 milhões de anos atrás), mas o estudo é controverso já que alguns acreditam que a bactéria é um contaminante do laboratório.
“Apesar de estarmos começando a entender a comunidade de microrganismos no interior de inclusões fluidas modernas e antigas, muito mais precisa ser aprendido sobre como eles sobrevivem”, disseram os pesquisadores na conclusão do seu artigo.
“Tal conhecimento será vital à medida que estudos explorarem ainda mais vidas profundas na Terra e em outros lugares do sistema solar, onde os materiais que potencialmente alojam os microrganismos possuem milhões e até bilhões de anos.”
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