Opressão chinesa antecipou aniversário da Praça da Paz Celestial

06/06/2012 03:00 Atualizado: 06/06/2012 03:00

Manifestantes pró-democracia exibem faixas durante uma pré-mobilização do 4 de junho em Hong Kong em 27 de maio de 2012. (Dale de la Rey/AFP/Getty Images)Dias antes do 23º aniversário do sangrento Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen), o organizador de um memorial público foi raptado pela polícia.

Há vários dias, Mei Chongbiao organizou na cidade de Guiyang, no sudoeste da província de Guizhou, um memorial pela repressão ocorrida na Praça Tiananmen em 1989. “Eles não prenderam meu pai durante o dia, mas vieram à noite e o levaram embora”, disse Mei Zuheng, o filho de Mei Chongbiao, à Rádio Free Asia na sexta-feira. “Agora, minha mãe não pode entrar em contato com meu pai […] Por favor, você pode nos ajudar a divulgar o caso do meu pai na internet, de modo que pelo menos eles não sejam capazes de fazer qualquer coisa de muito ruim com ele”, acrescentou Mei.

Uma fonte bem colocada em Pequim recentemente vazou informações ao Epoch Times detalhando discussões entre figuras principais da liderança do regime discutindo uma reparação do massacre, que tem sido um dos temas mais censurados na China.

A mídia estatal oficial reportou recentemente sobre milhares de pessoas visitando a sepultura de reformador Hu Yaobang, que foi líder supremo do Partido Comunista Chinês (PCC) até ser deposto em 1987. Sua morte em abril de 1989 desencadeou os protestos de 4 de junho e a subsequente repressão militar.

De abril a junho de 1989, milhares de pessoas, incluindo estudantes, trabalhadores, e outros, se reuniram na Praça Tiananmen em Pequim para demonstrar pacificamente e promover a democracia na China. Em 4 de junho de 1989, o regime, liderado de fato pelo líder Deng Xiaoping, declarou lei marcial e enviou militares para dispersar à força os protestos. As mortes estimadas no massacre que se seguiu variam de algumas centenas a 2.500, ou até mais.

Antes de Bo Xilai ser deposto de suas posições de secretário do PCC na megacidade de Chongqing e no Politburo chinês, ele teria dito que é veementemente contra retratar as vítimas da repressão.

No entanto, o ativista Liao Shuangyuan de Guiyang, disse que em sua cidade, a polícia prendeu e deteve os ativistas da democracia e os que desejam publicamente lembrar o massacre de Tiannamen. “Eu ouvi que havia dezenas de policiais à paisana lá no momento, mas que eles não detiveram ninguém”, disse ele à RFA. “Agora, algumas pessoas foram detidas, talvez as autoridades tenham dado ordem para deter as pessoas.”

No website dissidente Molihua.org houve apelos aos chineses comuns para participarem na Revolução Jasmim, ou protestos de massa semelhantes ao movimento da Primavera Árabe no Oriente Médio e Norte da África em 2011. A mensagem foi mais tarde divulgada em artigos da mídia chinesa e ocidental. “Sinceramente, nós apelamos ao próximo Comitê Central para resolver a questão do ‘4 de junho’ para curar a mágoa e promover a reconciliação […] para evitar a ocorrência de agitação social em grande escala”, afirma a mensagem. Ele acrescentou que a China precisa “acabar com a ditadura de partido único” do regime do PCC e “estabelecer uma democracia baseada numa Constituição”.

O Human Rights Watch de Nova York disse na sexta-feira que o fracasso do PCC em admitir irregularidades durante o massacre enfraquece o Estado de Direito na China. “As demandas no interior da China por reforma legal significativa e por responsabilidade estão apenas aumentando, apesar da resistência do governo”, disse Sophie Richardson, diretora para a China da organização de direitos, num comunicado. Ela acrescentou, “A credibilidade do governo não depende apenas de realizar reforma econômica ou assegurar segurança internacional, depende de sua disponibilidade em responder ao povo sobre alguns de seus piores erros.”