Oposição da Colômbia insiste em que não se pode falar de ‘paz’ com as Farc

02/12/2014 16:48 Atualizado: 02/12/2014 16:48

Depois de permanecer 15 dias em poder do grupo terrorista liderado por Iván Ríos, foram libertados em 30 de novembro o general Rubén Darío Alzate, o cabo Jorge Rodriguez e a advogada Gloria Urrego, que apresentavam ótima saúde como relatado pela imprensa oficial da Colômbia.

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Depois do acontecido, as vozes da oposição deram o seu parecer e advertiram que não se está exatamente diante de uma demonstração de paz ou uma libertação “pacífica” por parte das Farc. Isto foi afirmado pelo senador democrata Alfredo Rangel em um encontro político, que enfatiza que a libertação dos três reféns não deve ser entendida como um gesto de paz do grupo terrorista Farc.

“Os colombianos não têm nada a agradecer aos terroristas das Farc”, disse o senador.

Por outro lado, acrescentou, “os colombianos não têm nada a agradecer a esse grupo terrorista. Um gesto de paz teria sido não haver sequestrado o general nem aqueles militares. Um gesto de paz seria não voltar a sequestrar crianças para suas fileiras. Não voltar a sequestrar soldados ou policiais nem assassinar os indefesos ou gravemente feridos, como têm feito de forma sistemática”, disse Rangel.

Ele acrescentou que “um gesto de paz seria não sequestrar mais civis e devolver a liberdade a todos os que estão em seu poder”, disse o congressista.

O senador lembrou que durante os dois anos que antecederam as negociações em Havana, este grupo armado ilegal sequestrou cerca de 60 civis e disse que é incompreensível que o governo suspenda as negociações quando se sequestra um general, mas continue quando são feitos ataques contra a população civil e quando são mortos soldados e policiais.

“O esquema de negociação em meio à barbárie e ao terrorismo trouxe uma crise. O público não entende como é possível que o governo suspenda as negociações de paz quando sequestram um general do exército, mas a retomam quando os sequestrados são crianças para servir nas fileiras do grupo terrorista, ou quando matam impiedosamente soldados e policiais, e quando sequestram civis”, acrescentou.

Ele também disse que “mais cedo ou mais tarde a violência constará das conversações e destruirá as negociações de paz como aconteceu em Caracas, como aconteceu em Tlaxcala e como aconteceu em El Caguán”, sobre o qual ele disse que “deve-se exigir das Farc a suspensão unilateral, incondicional e definitiva de todas as suas ações violentas contra o Estado colombiano e contra a sociedade civil com o apoio internacional “.

Em relação ao apoio internacional, destacou como vital concentrar as tropas das Farc nas regiões desmilitarizadas com ajuda internacional, ou seja, regiões “onde exista supervisão internacional”.

“Que essa seja a garantia para que as negociações de paz possam se desenvolver, não em meio à barbárie e à violência, mas com segurança para os colombianos. Caso contrário, continuar com as negociações em meio à violência do terrorismo das FARC sempre levará a uma próxima crise”, disse ele.

Os reféns foram recebidos por membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) às 8 horas da manhã, na aldeia de Vegaez localizada às margens do rio Arquia, ao norte de Quibdó, conforme publicado na mídia local El Tiempo, no domingo.

O senador também disse que foi um negociador do grupo (independentemente da lei nas negociações de paz em Havana), Félix Antonio Muñoz Lascarro, conhecido como “Pastor Alape”, o responsável pela entrega sob a ordem de Timoleón Jiménez, o líder do grupo.

Em nome da organização internacional que fez a intermediação, o chefe da Divisão de Recursos Externos, Christoph Harnisch, reafirmou que o papel da organização neste processo de libertação foi o de “aliviar o sofrimento de todas as vítimas deste longo conflito , conforme publicado no site do CICV.

Ele explicou que, em 2013, o Comitê facilitou a libertação de 25 pessoas em poder dos grupos armados. No ano anterior, 36 foram registradas, e que desde 1994, mais de 1.500 pessoas foram libertadas no país através da intermediação do CICV.

Enquanto isso, o mandatário presidencial postou em @JuanManSantos: “libertados Gal. Alzate, advogada Urrego e cabo Rodriguez em perfeita saúde e esperando melhores condições climáticas para voltar para suas famílias.”