ONU suspende missão de monitoramento na Síria

18/06/2012 03:00 Atualizado: 18/06/2012 03:00

O chefe da missão de observação das Nações Unidas, o major-general Robert Mood, fala durante uma conferência de imprensa na capital de Damasco em 15 de junho. (-/AFP/GettyImages)O programa das Nações Unidas para monitorar a violência na Síria foi suspenso por causa da violência crescente, disse a organização.

O major-general Robert Mood, o chefe da Missão de Supervisão da ONU na Síria (UNSMIS), disse que a natureza do conflito representa riscos significativos para seus observadores desarmados.

Uma equipe da UNSMIS foi cercada pela milícia e alvejada quando tentava entrar na cidade ocidental de Haffa na terça-feira. Eles voltaram na sexta-feira, mas numa declaração disseram que a cidade cheirava a cadáveres. “A violência nos últimos 10 dias tem se intensificado mais uma vez, intencionalmente e por ambas as partes, com perdas de ambos os lados e riscos significativos para nossos observadores”, disse o major-general Mood, num comunicado.

“A população da Síria, os civis, estão sofrendo e, em alguns locais, os civis ficaram encurralados pelas operações em andamento. […] A missão estabeleceu-se como a voz factual no terreno, para garantir que a dor e o sofrimento do povo sírio sejam reconhecidos e abordados. […] Mas a escalada da violência está limitando nossa capacidade de observar, verificar, relatar, bem como auxiliar no diálogo local e nos projetos de estabilidade.”

As Nações Unidas têm 298 observadores militares e 112 civis que estão na Síria para supervisionar a introdução de um plano de paz de seis pontos, negociado pela ONU e a Liga Árabe. O major-general Mood disse que a suspensão seria revista diariamente. Espera-se que ele apresente um relatório ao Conselho de Segurança da ONU na segunda ou terça-feira, informou a Reuters.

A ONU estima que 10 mil civis tenham morrido desde que a violência irrompeu na Síria há 14 meses. No sábado, o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, pediu a intervenção da ONU em relação ao bombardeio de Homs. “Mais de mil famílias, muitas delas mulheres e crianças, estão presas na área constantemente bombardeada, elas precisam ser retiradas da linha de fogo imediatamente”, disse o comunicado.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês descreveu a recente onda de violência em Homs como intolerável. “Mais cedo ou mais tarde, o Conselho de Segurança terá de considerar as consequências”, disse o porta-voz à Reuters.