ONU quer respostas sobre morte de blogger iraniano

17/11/2012 12:29 Atualizado: 17/11/2012 12:41
Manifestantes seguram cartazes de protesto contra a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad aos EUA
(Timothy A. Clary / AFP / Getty Images)

Sattar Beheshti, um blogueiro iraniano, foi detido no mês passado depois de criticar a situação dos direitos humanos no país (Irã). Após sua detenção ele não foi mais visto vivo. Uma semana depois, as autoridades iranianas entraram em contato com sua família para recolher o corpo de Beheshti; suspeita-se que ele morreu após sofrer tortura.

Como o caso chamou a atenção internacional, as autoridades iranianas negaram irregularidades na morte do blogueiro de 35 anos. Entretanto, os oficiais de direitos humanos da ONU estão exigindo respostas quanto à forma como ele foi morto.

“É imperativo que as pessoas que estejam potencialmente envolvidas nesse tipo de crime horrível sejam investigadas e levadas à justiça, se isso não for feito estaremos alimentando uma cultura de impunidade”, afirmou Ahmed Shaheed, relator especial da ONU sobre direitos humanos no Irã. Ele acrescentou: “Deve haver tolerância zero para a tortura.”

Alega-se que Beheshti foi torturado na prisão de Kahrizak, em Teerã, depois de ser preso sem um mandado judicial. Segundo a Radio Free Europe (RFE), ele foi preso sob a acusação de “ações contra a segurança nacional em redes sociais e Facebook.”

Mais de três dezenas de condenados da prisão de Evin, em Teerã, onde Beheshti passou uma noite, enviaram cartas na semana passada, dizendo que ele foi espancado e pendurado no teto pelos membros durante o interrogatório, relatou a RFE.

Um dia antes de sua prisão, Beheshti escreveu em seu blog, “Eles me ameaçaram ontem dizendo: Sua mãe logo vestirá preto porque você não cala a sua boca grande.”

 

Quando uma pessoa morre em conseqüência de ferimentos sofridos enquanto sob custódia do Estado, há uma pressuposto de responsabilidade do Estado.
Christof Heyns, relator especial da ONU

Na quarta-feira, o parlamentar Mohammad Hassan Asafari disse a estatal Tehran Times que sete pessoas foram presas em conexão com a morte do blogueiro. Ele não entrou em detalhes sobre quem são eles, ou se eles trabalham para o Estado.

O advogado Mohammad Reza Mohseni Sani afirmou que as autoridades iranianas provavelmente não são culpadas por sua morte, dizendo que ele morreu de “causas naturais”, segundo a RFE. Porém, os membros da ONU relatam que o caso Beheshti não é único no Irã. Burlando as leis internacionais, o governo iraniano tem aprisionado muitos outros jornalistas e blogueiros enquanto fazem o seu trabalho.

O Relator Frank La Rue comentou que a morte Beheshti demonstra “amplas e severas restrições à liberdade de expressão e de opinião [no Irã].”

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