“Nós estamos profundamente preocupados com a tortura e assassinato de crianças, especialmente aquelas que pertencem a minorias, mas não apenas das minorias”, disse Renate Winter, um dos especialistas do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança. “O alcance do problema é enorme”, acrescentou.
Crianças pertencentes ao grupo Yazidi ou de comunidades cristãs, assim como xiitas e sunitas foram vítimas do grupo, disse ela. “Nós tivemos relatos de crianças, especialmente as crianças com deficiência mental, que foram usados como homens-bomba, provavelmente sem sequer entender nada,” disse Winter à Reuters.
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O ISIS é um grupo dissidente da Al Qaeda que proclamou um califado islâmico em partes da Síria e do Iraque durante o verão de 2014. Ele já matou milhares de pessoas e obrigou centenas de milhares a fugir de suas casas, no que os Estados Unidos descreveu como um “reinado de terror”.
Na terça-feira (3), o grupo divulgou um vídeo mostrando como um piloto jordaniano capturado foi queimado vivo. A agência da ONU, que analisou a história do Iraque pela primeira vez desde 1998, denunciou “o assassinato sistemático de crianças pertencentes a minorias étnicas e religiosas pelo ISIS, incluindo vários casos de execuções em massa de crianças, assim como relatos de decapitações, crucificações e de crianças sendo enterradas vivas”.
Um número significativo de crianças tem sido mortas ou gravemente feridas em ataques aéreos ou por disparos das forças de segurança iraquianas, enquanto outras foram mortas por “desidratação, fome e calor”, acrescentou. O ISIS tem cometido “violência sexual sistemática”, que inclui “o sequestro e escravização sexual de crianças”, disse ele. “As crianças das minorias são capturadas em muitos lugares (…), e depois são vendidas no mercado com rótulos, etiquetas de preço sobre elas, são vendidas como escravos”, disse Winter.
Os 18 peritos independentes que trabalharam no relatório pediram às autoridades iraquianas para que tomem todas as medidas necessárias para “resgatar as crianças” sob o controle do Estado Islâmico e que processem os perpetradores de tais crimes. “O dever de um Estado é proteger todas as suas crianças. A questão é como eles farão em uma situação como essa”, concluiu Winter.