Um número crescente de pessoas são exploradas e obrigadas a fornecer seus próprios órgãos para serem transplantados em outras pessoas, denunciou a relatora especial da ONU sobre o tráfico humano, Joy Ngozi Ezeilo, na sexta-feira (25).
“A raiz do problema é uma aguda escassez de órgãos para transplante em todo o mundo e um descompasso entre a crescente demanda por transplantes e os estritos limites definidos nas fontes disponíveis”, disse a especialista em seu relatório anual para a Assembleia Geral da ONU.
Ezeilo também chamou a atenção para a falta de informação sobre a remoção de órgãos e afirmou que isso é resultado, principalmente, da natureza clandestina do tráfico e do fato das vítimas terem pouca oportunidade para denunciar, já que, em sua maioria, elas são pobres, desempregadas e com baixo nível educacional.
Estudos de casos analisados pela relatora mostram que as vítimas, em particular as do leste europeu, América do Sul e Ásia, são atraídas para vender seus órgãos com a promessa de grandes quantidades de dinheiro que quase nunca são pagas na íntegra.
O estudo também mostra que a assistência médica pós-operatória oferecida às vítimas é muitas vezes inadequada. Muitos sofrem exclusão social e enfrentam ameaças diretas para não denunciarem o tráfico.
Ezeilo ressaltou as deficiências nas leis e políticas sobre o tráfico de pessoas para a remoção de órgãos, inclusive a nível internacional. “Leis inadequadas não só evitam fortes respostas nacionais como também inibem a cooperação internacional”, afirmou.
Os Estados devem aumentar seus esforços para cumprir sua obrigação internacional para acabar com todas as formas de tráfico humano, inclusive para a remoção de órgãos, disse a especialista da ONU.
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil