A última edição da revista Poverty in Focus sobre Classe Média, lançada hoje (25) pelo Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), traz 15 artigos de colaboradores nacionais e internacionais, com o objetivo de promover o debate sobre classe média a partir de diferentes temas: metodologias para mensurar o tamanho da classe média, escolhas políticas, democracia, crise econômica, manifestações políticas recentes, globalização e desenvolvimento.
Muitos especialistas já estudaram o fenômeno da classe média, mas ainda não há consenso sobre o conceito e a definição desse estrato da população, que segundo estimativas pode atingir 30% da população global em 2030, isto é, 2 bilhões de pessoas (considerando uma população total de 8 bilhões). “A identificação e a definição de classe média podem auxiliar na formulação de políticas públicas que visam ao desenvolvimento”, analisa Michael Maclennan, pesquisador do IPC-IG e editor da Poverty in Focus.
Nos últimos anos o debate em torno da classe média de países emergentes tem atraído muita atenção, principalmente dos países do BRICS. (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). O aumento da classe média nesses países é atribuído à significativa redução da pobreza. Jorge Chediek, representante residente do PNUD, coordenador do Sistema ONU no Brasil e Diretor do IPC-IG, enfatiza que os estudos acadêmicos sobre a classe média realizados no Brasil devem servir de exemplo para os outros países em desenvolvimento, para que possamos alcançar “um mundo todo de classe média”.
Alguns estudos definem a classe média como uma parcela da população que superou a pobreza, isto é, tornou-se menos vulnerável a cair na pobreza, mas que ainda demanda políticas que possam aumentar a sua segurança econômica. No artigo elaborado por Marcelo Neri, ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o critério de renda é considerado para definir classe média no Brasil.
Estima-se que, entre 2003 e 2011, 40 milhões de pessoas ingressaram na classe média (cerca da população total da Argentina). Ele argumenta que a combinação de programas sociais de transferência de renda e uma melhor inserção no mercado de trabalho dos brasileiros, com o aumento do emprego formal e dos salários são responsáveis pelo crescimento da renda média per capita, o que sugere que a classe média brasileira cresce de forma sustentada.
Entre os autores dos artigos estão Francis Fukuyama, Standford University, Marilena Chaui, Universidade de São Paulo (USP), Ricardo Paes de Barros, SAE, Jessé Souza, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Luiz F. Lopez-calva, Banco Mundial, entre outros.
A Poverty in Focus será lançada durante a “Conferência Internacional sobre Sustentabilidade e Promoção da Classe Média”, promovido pela SAE/PR e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro. Durante o evento também será discutida a produtividade do trabalho, com o lançamento, pela SAE/PR, do documento “Determinantes da Produtividade do Trabalho”, que propõe uma estrutura analítica para a compreensão dos fatores que influenciam essa produtividade.
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Versão em português da Poverty in Focus está disponível aqui (e em pdf aqui).
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil