O acesso à ajuda humanitária de que carecem milhões de sírios não registrou qualquer melhoria, o que viola a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), disse, nesta quinta-feira (24), o secretário-geral da instituição, Ban Ki-moon.
Em fevereiro, o conselho adotou a primeira resolução sobre a Síria desde o início do conflito há três anos. Foi feito um apelo ao governo e à oposição para que permitissem que a ajuda humanitária chegasse aos civis. Contudo, “nenhuma das partes respeitou as exigências”, acrescentou Ban Ki-moon em relatório.
Cerca de 3,5 milhões de pessoas continuam privadas de bens e serviços de primeira necessidade, incluindo medicamentos vitais, em “flagrante violação” da lei internacional, escreveu o secretário-geral da ONU.
No documento enviado ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, ambas as partes do conflito são consideradas culpadas, especialmente o governo sírio.
Para Ban Ki-moon, a situação de segurança se deteriora e o acesso humanitário àqueles que mais precisam não melhora. “Continua a existir um ambiente extremamente difícil para se trabalhar. Milhares de pessoas estão sem receber a assistência médica de que necessitam – situação descrita pelo secretário como arbitrária e injustificada.
“Tenho de voltar a pedir às partes e, em particular, ao governo (…) que cumpram as suas obrigações ao abrigo da lei humanitária internacional e a agir imediatamente”, destacou.
Ban Ki-moon qualificou ainda de “vergonhoso” o fato de que, apesar do apelo do Conselho de Segurança para que fossem encerrados os cercos a várias cidades sírias, aproximadamente 250 mil pessoas são reféns dos confrontos. Segundo o secretário, 197 mil pessoas estão bloqueadas nas zonas controladas pelas forças do regime sírio, sobretudo em Homs (centro), enquanto 45 mil vivem em áreas tomadas pela oposição armada. Pessoas estão morrendo todos os dias sem necessidade”, diz o documento da ONU.
O governo sírio permitiu que a ajuda cruzasse apenas uma das oito fronteiras identificadas pelas Nações Unidas como prioritárias, segundo informações de embaixadores, divulgadas no mês passado.
Cinco agências humanitárias da ONU já tinham apelado a todas as partes envolvidas no conflito da Síria para que tomem “medidas urgentes” a fim de permitir “o acesso humanitário incondicional”, acabar com os cercos impostos aos civis e pôr fim aos bombardeios.
Só em Alepo, pelo menos 1 milhão de pessoas precisa de ajuda humanitária urgente, mas a estrada que liga a cidade (norte) à capital, Damasco, é frequentemente cortada, com o registro de apenas 40 médicos para uma população de 2,5 milhões de pessoas – eram mais de 2 mil, segundo informações divulgadas pelas agências humanitárias em comunicado.
Em toda a Síria, mais de 9,3 milhões de pessoas são afetadas pelo conflito, que começou em março de 2011.
Esse conteúdo foi originalmente publicado no Portal EBC