Ônibus queimado na China provoca discussões e críticas online

13/06/2013 18:19 Atualizado: 13/06/2013 21:46
Um ônibus queimado na cidade de Xiamen, província de Fujian, sudeste da China, que matou 47 pessoas e feriu muitas outras, pode ter sido deliberado, segundo investigadores citados pela mídia estatal (STR/AFP/Getty Images)

Chen Shuizhong, de 59 anos, é suspeito do assassinado de 47 pessoas e de ferir outras 34 no incêndio de um ônibus em Xiamen, província de Fujian, sudeste da China, na sexta-feira. Ele morreu no local devida às chamas e, segundo autoridades locais, deixou uma nota de suicídio em sua casa afirmando que agiu por raiva e desgosto com sua vida.

O incidente provocou discussão acalorada na internet. Mais de 847 mil internautas discutiram o tema no Sina Weibo nos quatro dias após o incidente, questionando a forma como os oficiais locais do Partido Comunista Chinês (PCC) lidaram com os familiares das vítimas.

“Chen Shuizhong, que veio da escória da sociedade, era um velho que viveu na miséria e tinha ódio pela sociedade”, escreveu Wang Zhaojun, um ex-oficial do PCC na província de Anhui, num artigo publicado em websites de língua chinesa. “Ele julgava que não tinha esperança, sem ter para onde ir ou a quem recorrer, então, ele tomou uma atitude desesperada e se matou, levando muitos outros consigo. Essa imagem deixou uma marca profunda no coração de todos.”

Zhao Xiao, um professor de economia da Universidade de Ciência e Tecnologia de Pequim, sugeriu que o incêndio é um sinal da instabilidade social. “Hoje, na China, a polarização social, a corrupção, a injustiça causada pelo abuso de poder e o desespero das classes sociais mais baixas chegaram a um nível sem precedentes. É como uma bomba prestes a explodir.”

Após o incêndio, Guo Shengkun, um membro do Conselho de Estado e diretor do Ministério da Segurança Pública, foi nomeado pelo conselho para liderar uma equipe e inspecionar imediatamente a área de Xiamen.

Em entrevista ao Epoch Times, um cidadão de Xiamen e pai de uma das vítimas, que desejou permanecer anônimo, afirmou que cerca de 90 parentes das vítimas foram reunidos em 8 de junho por oficiais do governo local num hotel longe da cidade. Sem mencionar uma palavra sobre compensação ou devolução dos corpos, um oficial lhes disse que um ramo menor do governo local lidaria com eles mais tarde. “Isto é sobre a vida das pessoas. Com tantos mortos, é bárbaro que o governo aja dessa maneira”, disse o pai entrevistado.

O controle da mídia também foi intensificado, segundo o autor Cao Junshu, que relatou uma conversa particular que teve com um trabalhador da mídia. “Na tarde do mesmo dia, a mídia na província recebeu uma ordem de altos oficiais para não fornecer certas informações ao público”, escreveu ele no Sina Weibo, uma mídia social popular na China. A ordem veio com instruções determinando como os eventos ocorreram no incidente e proibindo a publicação de qualquer discussão ou comentário a respeito.

Chen Qiuyu, o editor-chefe do Fujian Today, também sentiu a presença da censura quando foi a Xiamen em 8 de junho, segundo suas postagens no Weibo: “Xiamen está sob controle policial estrito. Autoridades de alto escalão nos pediram para evitar o tema [do ônibus queimado]!”

Uma reportagem de 9 de junho na Phoenix TV entrevistou a família e os vizinhos de Chen Shuizhong que não acreditavam que ele teria cometido o crime. “Ele era um homem de negócios e uma boa pessoa, ele não tinha nada de anormal… Ele vivia aqui há muitos anos.”

Mas, em 12 de junho, o governo local tinha uma visão mais dura: “Chen Shuizhong era um lunático e toda a sociedade deveria puni-lo”, disseram as autoridades num comunicado.

O comentarista Tai Yi disse ter sentimentos mistos sobre Chen. “Eu o condeno por prejudicar pessoas inocentes, mas simpatizo com suas dificuldades e infortúnios por viver na China.”

Somando-se às suspeitas gerais que cercam o episódio, há o fato de que as autoridades locais afirmaram ter uma nota de suicídio de Chen Shuizhong que provaria sua culpa. Mas eles se recusaram a revelá-la ao público, levando muitos a suspeitarem que a nota não existiria.

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT