Em 4 de junho de 1989, o final violento de um apelo por um governo mais aberto e receptivo na China ocorreu com tanques e a infantaria limpando a Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em Pequim de todos os manifestantes estudantis. Aqui estão listadas breves biografias de nove conhecidos ativistas.
Fang Lizhi
Fang Lizhi, o ex-vice-presidente da Universidade de Ciência e Tecnologia da China, e sua esposa Li Shuxian apoiaram os estudantes durante os protestos. Eles entraram na embaixada dos EUA em Pequim no dia seguinte do massacre de 4 de junho.
A polícia de Pequim emitiu mandados para o casal por “incitar Wang Dan e outros estudantes a revolta”. Os Fangs permaneceram na embaixada dos EUA por um ano antes de voarem num avião militar dos EUA à Grã-Bretanha. Eles chegaram aos Estados Unidos meio ano depois e Fang recebeu uma nomeação como professor de física na Universidade do Arizona.
Fang faleceu em 6 de abril de 2012 aos 76 anos.
Chai Ling
Chai Ling foi a líder estudantil que iniciou a greve de fome. Ela era responsável pelas “Sedes do Protejam a Praça Tiananmen”.
Depois do massacre, ela estava na lista de procurados do regime chinês. Ela deixou a China continental a através de Hong Kong em abril de 1990, e chegou a Paris dez meses depois. Mais tarde, ela foi para os Estados Unidos para continuar seus estudos.
Em 1º de junho de 2010, Chai começou a organização “Voz das Jovens” para proteger as vidas e os direitos das mulheres e meninas na China.
Feng Congde
Feng Congde também foi um líder estudantil. Durante os protestos, ele foi um membro eleito Comitê Permanente do Comitê Preparatório da Universidade de Pequim, presidente do Comitê Autônomo dos Estudantes da Universidade de Pequim, vice-comandante das Sedes da Praça Tiananmen, e vice-comandante do Comitê da Greve de Fome.
Feng fugiu para a França após o massacre, e atualmente vive nos Estados Unidos. Feng é ex-marido de Chai Ling; o casal está separado agora.
Atualmente, Feng é editor-chefe do “Arquivo 4 de Junho”, e editor da “Participação dos Cidadãos na Discussão dos Assuntos de Estado”. Ele e muitos outros bem-conhecidos estudiosos fundaram a “Escola Sun Yat-Sen” para promover as ideias de Sun de como governar um país.
Wang Dan
Wang Dan, que foi o vice-comandante da Praça, estava no topo da lista dos líderes estudantis procurados pelo regime. Depois da repressão, ele não fugiu para o exterior, mas se escondeu na China.
Quando Wang voltou a Pequim e se encontrou com um repórter, ele foi monitorado pela polícia e preso. Em 1991, ele foi condenado a quatro anos de prisão.
Após ser liberado, Wang permaneceu ativo nos movimentos democráticos e políticos. Em outubro de 1996, ele foi condenado novamente, desta vez a 10 anos. Quando o presidente dos EUA, Bill Clinton, estava prestes a visitar a China em 1998, Wang foi libertado em condicional médica e se mudou para Detroit.
Em janeiro de 2011, quando Szeto Wah, presidente da ‘Aliança de Hong Kong em Apoio dos Movimentos Patrióticos e Democráticos na China’, faleceu, Wang pediu um visto para entrar no grupo de pranteadores. No entanto, o governo de Hong Kong não lhe concedeu um visto, mesmo depois que ele voluntariamente fez quatro promessas de “não se encontrar com jornalistas, não realizar atividades públicas, não realizar conferências de imprensa e não ficar em Hong Kong durante a noite”.
Em março de 2012, Wang Dan recebeu uma nomeação de três anos como professor visitante assistente na Escola de Ciências Humanas da Universidade Nacional Tsing Hua de Taiwan.
Wang e Wei Jingsheng, um proeminente ativista chinês da democracia nos Estados Unidos, são considerados como os “guerreiros da democracia” por muitas pessoas.
Wang continua a promover a democracia e os direitos humanos para a China. Ele foi indicado três vezes ao Prêmio Nobel da Paz, recebeu o Prêmio de Direitos Humanos da Fundação Nacional pela Democracia, o Prêmio de Excelente Ativista da Democracia do Fundo de Educação Democrática Chinesa, um Certificado de Realização da Fundação Chan de Jornalismo e Cultura nos EUA, entre outras honras.
Wu’er Kaixi
Wu’er Kaixi, um uigur, foi um líder no movimento estudantil democrático de 1989 e defendeu a evacuação da Praça Tiananmen. Isso causou uma disputa com Chai Ling e Wu’er foi removido de sua posição de liderança. Mas ele continua sendo uma figura influente entre os estudantes do movimento de 1989.
Após o massacre de 4 de junho, Wu’er se tornou o segundo na lista de procurados do regime chinês. Ele fugiu da China através de Hong Kong e permaneceu no exílio por muitos anos.
Em 2009, ele foi impedido de entrar em Macau, embora tenha dito que quisesse se entregar. Agora, ele se estabeleceu em Taichung, Taiwan. Wu’er ainda está na lista de procurados do regime chinês.
Wang Juntao
Wang Juntao supervisionou a Comitê Funerário de Zhao Ziyang na China. Ele agora vive no exílio nos Estados Unidos. No ano passado, Wang deu consultoria ao Movimento Jasmim na China.
Wang foi preso duas vezes na China, primeiro em 16 de abril de 1976, quando era um estudante de 17 anos na Escola Primeiro de Outubro de Pequim. O motivo da prisão foi que ele tinha organizado duas classes de atividades estudantis na Praça Tiananmen durante o Festival Qing Ming. Ele também publicou quatro poemas, que foram denunciados como contrarrevolucionários na época. Sua segunda prisão foi em 24 de novembro de 1990, após o massacre dos estudantes em Tiananmen.
Em 4 de dezembro de 1989, a mídia oficial Diário do Povo publicou um artigo chamando Wang de “autor-chave que incitou, organizou e dirigiu o movimento contrarrevolucionário”.
Wang foi sentenciado a 13 anos de prisão, mas foi libertado em condicional médica em 1994 e expulso para os Estados Unidos.
Wang obteve um Ph.D. em Ciências Políticas da Universidade de Columbia em 2006. Em abril de 2010, durante a Assembleia Especial Representativa do Comitê Nacional do Partido Democrático Chinês, realizada em Nova York, ele foi eleito copresidente do comitê, juntamente com Wang Youcai.
Su Xiaokang
Su Xiaokang é um escritor chinês e é considerado um repórter honesto da década de 1980 na China. Depois de 4 de junho, Su foi procurado pelas autoridades chinesas por estar “por trás do movimento estudantil de 1989”. Ele foi para o exílio nos Estados Unidos e é agora o diretor da revista China Democrática.
Yan Jiaqi
Yan Jiaqi foi o diretor do Instituto de Ciências Políticas da Academia Chinesa de Ciências Sociais e conselheiro do escritório Zhao Ziyang de reforma política. Uma vez, numa reunião com Hu Yaobang, Yan Jiaqi propôs que a vitaliciedade dos principais líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) fosse abolida. Mas isso não foi aceito pelo Comitê Central do PCC.
No auge do impasse político nos protestos estudantis de 1989, Yan Fuming, que era o secretário do Comitê Central do PCC e chefe do Departamento de Trabalho da Frente Unida da Central do PCC, convidou Yan Jiaqi junto com Bao Zunxin e outros acadêmicos para ajudarem a negociar com os alunos. Juntos, eles tentaram persuadir os estudantes a pararem sua greve de fome em 13 de maio.
Quatro dias depois, Yan, Bao e outros emitiram uma declaração dizendo que, “o abuso de poder ilimitado e um governo irresponsável e desumano” levaram a uma série de problemas na China. Eles mostraram solidariedade com os estudantes por recolherem assinaturas de intelectuais.
Em 26 de maio, Yan Jiaqi e Bao Zunxin publicaram sua carta aberta ao então primeiro-ministro Li Peng.
Após a repressão de 4 de junho, Yan Jiaqi e outros foram listados como procurados pelo Ministério da Segurança Pública, e Yan foi forçado ao exílio.
Em 1989, Yan Jiaqi se tornou o primeiro presidente da Aliança por uma China Democrática, baseada em Paris. Em 1994, Yan mudou-se da França para Nova York, e tornou-se um escritor e palestrante convidado na Universidade de Columbia.
Bao Zunxin
Durante o movimento estudantil de maio de 1989, Bao Zunxin e outros intelectuais foram à Praça Tiananmen tentar persuadir os estudantes a abandonarem sua greve de fome. Mais tarde, as autoridades acusaram Bao de conspiração e manipulação, e condenaram-no a cinco anos de prisão.
Após sua libertação da prisão, Bao permaneceu sob vigilância ilegal constante, mas foi capaz de ganhar a vida fazendo pesquisa e escrevendo. Ele também estava envolvido ativamente no movimento pela democracia na China.
Bao morreu em 28 de outubro de 2007 de um infarto.
Retratando as vítimas
De acordo com a Fundação Dui Hua, o regime atualmente detém menos de 12 dos milhares que foram detidos durante a repressão. Na declaração de 31 de maio, o grupo listou os nomes de sete pessoas que se acredita ainda estarem sob custódia, dizendo que não receberam uma resposta do regime sobre tais presos desde setembro de 2009.
O Departamento de Estado dos EUA emitiu um comunicado em 3 de junho dizendo que incentivam a China a retratar publicamente todos os que morreram, proteger os direitos humanos de seus cidadãos e “acabar com o assédio contínuo a participantes de demonstrações e suas famílias”.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Liu Weimin, respondeu ao comunicado dos EUA dizendo que isso “desviava-se da verdade e interferia nos assuntos internos da China”.
No entanto, o proeminente economista chinês e ganhador do Prêmio Milton Friedman em 2012, Mao Yushi, disse que o massacre de 4 de junho provavelmente será corrigido. Mao disse que o primeiro-ministro Wen Jiabao tem esse desejo, e que as pessoas também apoiariam.