Funcionários chineses anticorrupção demitiram Shen Weichen, um oficial de nível ministerial do Partido Comunista Chinês no setor de ciência e tecnologia, na quinta-feira (17), quatro dias após uma investigação sobre ele ser anunciada.
Shen, de 57 anos, era secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) e vice-presidente da Associação Chinesa para Ciência e Tecnologia (ACCT), um grupo de alto nível da indústria controlado pelo Estado chinês.
O Comitê Central de Inspeção Disciplinar, o órgão anticorrupção do PCC, anunciou em 12 de abril que Shen foi acusado de envolvimento em graves violações da lei e estava sendo investigado.
Shen é o primeiro oficial de nível ministerial a ser demitido este ano na campanha anticorrupção em curso na liderança do PCC. Ele agora é o quarto funcionário de nível ministerial a ser demitido desde que a campanha começou. Outros três foram demitidos no ano passado: Jiang Jiemin, ex-diretor da Comissão de Administração e Supervisão de Ativos Estatais; Li Dongsheng, vice-ministro do Ministério da Segurança Pública; e Li Chongxi, ex-presidente do comitê provincial da Conferência Consultiva Política Popular.
Investigadores do PCC não divulgaram detalhes sobre a ‘corrupção’ de Shen, mas suas escapadas sexuais indiscretas com celebridades femininas têm sido amplamente debatidas na mídia social chinesa. “Ele vendeu muita terra e dormiu com diversas mulheres”, disseram pessoas em Shanxi a respeito de Shen, segundo a mídia Ming Pao de Hong Kong. Shen foi líder do PCC em Shanxi por vários anos.
Uma cantora conhecida nativa de Shanxi teria revelado seu caso com Shen quando foi convocada para a investigação de um caso de corrupção diferente. A reportagem citou uma fonte dizendo que Shen gastou 5 milhões de yuanes (US$ 804 mil) para esta cantora realizar um concerto pessoal.
A fonte também disse ao Ming Pao que as autoridades centrais coletaram provas de que Shen acumulou amplos benefícios pessoais por meio de projetos imobiliários em seu papel como secretário do PCC na cidade de Taiyuan, em Shanxi.
Sua carreira oficial meteórica atraiu suspeitas do público. Shen nasceu na província de Shanxi e começou no governo aos 13 anos, trabalhando no escritório de uma empresa de telefonia local. Ele foi promovido rapidamente e se tornou vice-secretário da Liga da Juventude Comunista em Shanxi em seus vinte e poucos anos. Mais tarde, ele se tornou chefe do PCC na cidade de Taiyuan.
Shen chegou a vice-ministro do Departamento Central de Propaganda em 2010, assumindo a posição de Li Dongsheng, que fora transferido para ser ministro da Segurança Pública. A promoção de Shen em Shanxi foi apoiada por Li Dongsheng, segundo a mídia Oriental Daily de Hong Kong, que citou uma fonte.
Li Dongsheng, também demitido no ano passado, era ativo na perseguição ao grupo espiritual do Falun Gong, uma campanha iniciada pelo Partido Comunista em 1999. Nos primeiros anos da campanha, Li ajudou a criar as mensagens de propaganda que difamaram e demonizaram o Falun Gong, na tentativa de tornar o Falun Gong um objeto de ódio público. Li foi promovido em 2009 para vice-chefe do Ministério da Segurança Pública, e também chegou a chefiar a Agência 610, uma força-tarefa extrajudicial criada para supervisionar a perseguição ao Falun Gong.
Quando Shen era chefe do Departamento de Propaganda de Shanxi em 2000-2006, ele também atuou na organização de atividades de propaganda anti-Falun Gong, incluindo exibições, palestras e publicação de livros.
Algumas das atividades de Shen nesta esfera foram documentadas pela ‘Organização Mundial para Investigar a Perseguição ao Falun Gong’ (WOIPFG), um grupo investigativo sem fins lucrativos que tenta fazer as autoridades chinesas responderem por seu papel nesta campanha genocida que já causou a morte de dezenas de milhares.