Oficial chinês pede desculpas a praticantes do Falun Gong

03/11/2012 09:15 Atualizado: 02/11/2012 13:15
Jia Qinglin, presidente da Conferência Consultiva Política Popular, num simpósio do governo chinês no Grande Salão do Povo em Pequim, China, em 27 de março de 2009. (Guang Niu/Getty Images)

Dois filhos de um de alto oficial do Partido Comunista Chinês (PCC), que foram torturados porque praticam a disciplina espiritual do Falun Gong, exigiram que os oficiais culpados se retratassem. Pelo menos um oficial respondeu, publicando uma carta na edição chinesa do Epoch Times e pedindo perdão. Os nomes dos dois praticantes do Falun Gong e do oficial que respondeu, foram retidos para garantir a segurança deles.

Os irmãos foram presos na China há vários anos e ambos foram enviados para um campo de reeducação pelo trabalho devido a suas crenças. Um foi interrogado por 15 dias e noites, período no qual ele perdeu a consciência pelo menos quatro vezes. Apesar da pressão, ele nunca assinou um documento renunciando a prática.

Ambos os irmãos solicitaram uma grande compensação pelo tratamento severo e exigiram um pedido de desculpas aberto das autoridades locais da Agência 610, um órgão do PCC criado para erradicar a prática do Falun Gong. A história foi publicada no Minghui.org, um website do Falun Gong que relata em primeira-mão histórias de praticantes e fatos da perseguição na China.

Indícios de corrupção

Os irmãos advertiram a Agência 610 local, a altos oficiais do departamento de polícia e ao secretário local do PCC que, se eles não forem recompensados pelos maus tratos, eles publicarão na internet evidências da corrupção dos oficiais locais. Eles também darão as provas aos líderes centrais do PCC e à Comissão Central de Inspeção Disciplinar para que os oficiais sejam detidos e interrogados.

O irmão mais velho disse ter obtido informações sobre os oficiais de seu círculo de amigos, que também são filhos de líderes centrais do PCC. Eles usaram seus contatos em vários níveis do PCC para identificar os oficiais que participaram da perseguição contra eles. Então, eles usaram equipamentos de gravação de longa distância e seguiram os oficiais para reunir provas mostrando a corrupção.

Os irmãos também exigem que a Agência 610 e o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL) local entregue os vídeos de seus interrogatórios. É exigido pela Procuradoria que a polícia grave os interrogatórios.

De acordo com o Minghui, a polícia local disse a um praticante do Falun Gong que a Agência 610, o departamento de polícia e os escritórios do CAPL relevantes (o CAPL controla quase todos os aspectos da aplicação da lei na China, existem comitês nos níveis provincial, municipal e local) estão amedrontados.

Se eles fornecem as gravações do interrogatório, eles provavelmente admitirão extrair confissões por meio de tortura. Se eles não fornecerem as gravações, então, seria uma obstrução ilegal do caso. Se o interrogatório fornecido for falso, as duas hipóteses se confirmariam.

O regime chinês começou a perseguição contra os praticantes do Falun Gong em 1999 quando o ex-líder chinês Jiang Zemin temeu que a ampla difusão da prática, de ensinamentos morais tradicionais, fosse uma ameaça ao controle do PCC. O Falun Gong é uma forma de qigong, uma forma popular de exercícios na China, que se espalhou rapidamente por ser gratuita, oferecer benefícios à saúde e por seus ensinamentos baseados na verdade, compaixão e tolerância. Hoje, na China, praticantes do Falun Gong são regularmente presos, torturados e mortos por suas crenças.

De acordo com o Minghui, oficiais locais da Agência 610 tentaram argumentar com os irmãos, mas eles permaneceram impassíveis em suas demandas.

Uma desculpa

Posteriormente, uma carta de desculpas surgiu, enviada por um oficial do CAPL local que participou dos abusos aos dois. O oficial pediu a um parente que escrevesse uma carta em seu nome buscando perdão.

O parente, que foi capaz de provar ao Epoch Times a autenticidade da carta, pediu ao jornal para publicá-la. O Epoch Times reteve o nome e a localização do oficial.

O oficial expressa arrependimento e desamparo. “O PCC não é razoável, se eu não ouvir meus superiores, então, eu perderei meu emprego; se eu ouvir meus superiores, parece que acabarei na cadeia; e não posso envolver meu superior ou eles podem até tentar me matar”, afirma a carta.

“Depois de entrar num centro de detenção ou prisão, ninguém saberá como eu morri na escuridão e, enquanto as pessoas de fora não sabem, como nós de dentro não saberíamos? Como vivemos? Apenas os maiores líderes são pessoas e nós não somos pessoas também? As conquistas são todas deles, os erros todos nossos?”, afirma a carta.

“Agora eu entendo porque Wang Lijun fugiu para o consulado dos EUA”, afirma o oficial. “Por que ele se abriu com estrangeiros? Por que ele afundou o barco? Impotente: não havia problema em perder seu cargo, mas ele não queria morrer.”

Durante o incidente com os dois irmãos, Jia Qinglin, um líder sênior do PCC e membro do Comitê Permanente do Politburo, foi investigar o que a carta afirma que amedrontou oficiais em todos os níveis.

“Todos pensavam que o incidente se tornou grande e, se Jia Qinglin veio, isso significa que todos os outros membros do Comitê Permanente do Politburo também sabem.” A carta afirma que, no final, todos os oficiais locais culparam um ao outro, o que deixou Jia Qinglin furioso.

Esta não é a primeira vez que Jia Qinglin foi enviado para investigar um caso do Falun Gong. Há alguns meses atrás, ele viajou para sua cidade natal na província de Hebei para “conduzir uma pesquisa”, segundo um artigo da mídia estatal em julho.

Uma fonte familiarizada com as razões por trás da visita de Jia Qinglin disse ao Epoch Times que ele foi secretamente investigar a questão dos 300 aldeões que assinaram uma petição exigindo a libertação de Wang Xiaodong, que foi preso por praticar o Falun Gong.

A petição se tornou conhecida como o “caso dos 300 bravos”. Ela circulou no Politburo e alarmou a liderança superior do PCC, segundo fontes.

Na carta, o oficial pediu um esforço popular para a polícia enviar provas da perseguição contra o Falun Gong para parentes no exterior. “Não é que queiramos bodes expiatórios, mas quanto mais oficiais estiverem envolvidos, mais seguro será para todos. Se o incidente se tornar grande, então, o PCC não poderá resolver isso usando métodos políticos… eles não darão muitas punições severas e rápidas”, diz a carta.

“Por favor, pense com cuidado, quando uma pessoa está prestes a morrer, eles falam com mais bondade, meu parente [o oficial] realmente sente que viver agora é pior do que morrer”, diz a carta.

A carta expressa o arrependimento do funcionário que perseguiu os dois irmãos e mostra seu medo de ser punido por seus crimes.

“Desde que Jiang Zemin começou a perseguir o Falun Gong, a maioria dos príncipes e descendentes de altos líderes expressou privadamente sua oposição… por 10 anos ou mais, Hu Jintao, Wen Jiabao, Xi Jinping e Li Keqiang têm ascendido no poder. Reavaliar o tratamento dado ao Falun Gong é a melhor maneira de recuperar o apoio público”, afirma a carta.

A carta também menciona a colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong que ganhou atenção mundial e preocupa os líderes do PCC.

“Outros podem não acreditar, mas nós sim. Nós, pessoas bem informadas, sabemos quão cruel e impiedoso o PCC realmente é. O PCC fará qualquer coisa”, afirma a carta.

A carta salienta a importância das acusações da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas, afirmando, “Se a colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong for exposta abertamente, isso será o fim do PCC.”

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.