Gu Junshan, um ex-vice-chefe de logística do Exército da Libertação Popular, teria procurado os serviços de um assassino para eliminar um general chinês rival, segundo relatos na mídia chinesa.
Os detalhes do caso foram abordados pela Phoenix Weekly, que publicou recentemente uma série de artigos sobre a queda de Gu. A Phoenix é uma empresa de mídia baseada em Hong Kong que possui uma estação de TV por satélite e outras propriedades de mídia e geralmente segue de perto a linha do Partido Comunista Chinês (PCC).
“Uma pessoa familiarizada com o assunto disse que… Gu Junshan usou fundos substanciais para pagar um assassino ligado à tríade [máfia chinesa], com o objetivo de assassinar um general de destaque”, disse uma reportagem da Phoenix Weekly. A matéria foi posteriormente excluída do website da revista, mas foi armazenada em outro local online.
Gu teria dado instruções detalhadas sobre onde o general estaria nas proximidades do Palácio de Verão, um antigo parque dinástico com lagos, jardins e templos, bem como detalhes da agenda de viagem diária do general. Ele inclusive forneceu uma arma ao assassino, disse o artigo.
“Ele orientou o assassino a atacar quando o carro se aproximasse da instalação e tocasse a buzina”, disse o relatório, acrescentando que o depoimento não foi verificado.
Outros artigos indicaram que o provável alvo da conspiração de assassinato seria Liu Yuan, filho de Liu Shaoqi, que foi o braço-direito de Mao Tsé-tung antes de ser purgado e mais tarde morrer em isolamento e miséria. Liu Yuan, um general e comissário-político do Departamento Geral de Logística, estaria alinhado com o atual líder chinês Xi Jinping, e é indicado para uma posição no Comitê Militar Central, o órgão do PCC que comanda as forças armadas.
Liu foi franco sobre a corrupção nas forças armadas e teria ajudado Xi Jinping a derrubar oficiais militares como Gu Junshan e seu poderoso aliado o general Xu Caihou. Estes dois administraram verdadeiros impérios de corrupção nas forças armadas chinesas.
De acordo com o Oriental Daily, um jornal pró-Pequim sediado em Hong Kong, o ex-vice-presidente do CMC Xu Caihou, o aliado militar de Gu Junshan, também teria tentado assassinar Liu Yuan quatro vezes nos meses de março, julho e setembro de 2012. As tentativas incluiriam explodir o tanque de combustível de seu carro, uma bomba jogada em seu apartamento de férias, uma tentativa de disparo e uma explosão de gás no banheiro de sua casa. A veracidade desses relatos também é pouco clara.
Antes do 18º Congresso Popular Nacional do Partido Comunista em novembro de 2012, quando a mais recente mudança da liderança do regime chinês ocorreu, Liu Yuan mostrou publicamente seu apoio ao então líder chinês Hu Jintao e ao sucessor Xi Jinping, enquanto ajudou na remoção de Gu Junshan, Xu Caihou e outros aliados destes.
Durante uma reunião do CMC entre 25-28 de dezembro de 2011, Liu Yuan teria revelado a dimensão da corrupção relacionada a Gu Junshan diante dos principais líderes do CMC, incluindo Hu Jintao, Guo Boxiong, Xu Caihou e Liang Guanglie.
“Você três representantes militares, tendo estado em suas posições por anos, são responsáveis pela grave corrupção nas forças armadas”, disse Liu Yuan enquanto apontava para Guo Boxiong, Xu Caihou e Liang Guanglie, segundo citações amplamente atribuídas a ele na mídia estrangeira especializada nesses relatórios internos. Mais uma vez, a veracidade desses relatos é indeterminada, embora isso corresponda ao que ocorreu posteriormente.
Após a reunião, Hu Jintao começou a investigar Gu Junshan; e, uma vez que ele foi preso, ele teria revelado os detalhes da corrupção dos outros, especialmente de seu patrono Xu Caihou.
Em fevereiro de 2012, Gu Junshan foi demitido e, em 31 de março deste ano, foi oficialmente acusado. Então, no final de junho deste ano, Xu Caihou foi derrubado; ele foi oficialmente acusado em outubro.