Oficiais vinculados a ex-chefe de polícia detidos pelo PCC

12/07/2012 03:00 Atualizado: 12/07/2012 03:00

Algumas figuras principais da facção das mãos ensanguentadas, os oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para conduzirem sua perseguição ao Falun Gong. Alto à esquerda: Zhou Yongkang, chefe da segurança pública do regime chinês, recentemente destituído de sua autoridade e colocado em investigação. (Liu Jin/AFP/Getty Images) Alto à direita: Bo Xilai, o ex-secretário do Partido em Chongqing, que em breve será julgado por corrupção. (Lintao Zhang/Getty Images). Embaixo à esquerda: Li Changchun, chefe de propaganda do PCC. (Feng Li/Getty Images). Embaixo à direita: Jiang Zemin, ex-presidente chinês criador da facção das mãos ensanguentadas. (Minoru Iwasaki-Pool/Getty Images)Investigadores do Partido Comunista Chinês (PCC) detiveram dois confidentes seniores de Wang Lijun, o ex-chefe de polícia da megalópole de Chongqing, cuja tentativa de deserção na embaixada dos EUA em fevereiro desencadeou um dos maiores escândalos que já afetaram a liderança chinesa. O escândalo está se desenrolando enquanto o PCC se aproxima da próxima transferência de poder do seu círculo superior, o Comitê Permanente do Politburo, programada para outubro no 18º Congresso Nacional.

Wang, que supostamente contou detalhes aos oficiais consulares norte-americanos sobre a colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong realizada na rede chinesa de prisões, hospitais e campos de trabalho, está atualmente sob investigação da Comissão Central de Inspeção Disciplinar do PCC, juntamente com Bo Xilai, seu ex-chefe e prefeito de Chongqing, que foi destituído do poder em março.

Bo era considerado uma figura controversa no Partido Comunista com um histórico sangrento, ele era o candidato favorito ao poder de Jiang Zemin, o ex-líder do regime, por causa de seu envolvimento na campanha de Jiang de perseguição ao Falun Gong, uma prática espiritual popular. A queda espetacular de Bo levou ao colapso da facção de Jiang no PCC.

Investigadores do PCC não têm tocado nas fendas políticas em suas acusações contra Bo, acusando-o simplesmente de abuso de poder, nepotismo e outros crimes. Sua esposa Gu Kailai está sob investigação por ter assassinado o empresário britânico Neil Heywood.

O New York Times relatou que os dois policiais próximos de Wang são Tang Jianhua, o vice-chefe de polícia de Chongqing, e Wang Pengfei (provavelmente sem relação), o chefe do departamento de polícia do distrito de Yubei. Wang Pengfei foi removido de seu posto no final de junho e foi escoltado para fora da cidade e detido por agentes da segurança.

O artigo não faz menção de Tang, simplesmente dizendo que ele também foi escoltado e detido no mesmo dia. Li Yang, outro oficial de polícia encarregado das investigações criminais, também foi demitido.

Diz-se que Wang Pengfei é um especialista em escutas telefônicas que estava envolvido numa campanha dirigida por Wang Lijun e Bo Xilai. É dito que ele foi a pessoa que organizou a viagem de carro de Wang Lijun para a embaixada dos EUA em fevereiro, que derrubou o primeiro dominó no escândalo de grande alcance.

O escândalo de Bo e Wang expôs uma rachadura pouco conhecida entre a chamada “facção das mãos ensanguentadas” composta pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, o chefe maior de segurança pública Zhou Yongkang e Bo Xilai, e a facção liderada pelo atual líder chinês Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao.

Zhou e Bo e supostamente conspiraram para tomar a liderança; um plano que teria entrado em vigor após Xi Jinping ser empossado chefe de Estado e do PCC no final deste ano. A tentativa de golpe era um meio de Jiang Zemin manter seu poder na China e garantir que ele e seus asseclas não seriam responsabilizados por seus crimes contra o Falun Gong, que incluem a tortura de milhares até a morte e a colheita forçada de órgãos dos adeptos enquanto ainda estão vivos.

Bo, numa tentativa de avançar rapidamente através das fileiras do PCC, passou por cima de outros membros do PCC e criou um culto à personalidade em Chongqing propondo um revivalismo maoísta. Ele também perseguiu empresários e criminosos e rotulando-os de membros da máfia, enquanto apoderava-se de seus bens e utilizava os recursos para financiar sua carreira política.