Hu Jia, um ativista chinês dos direitos humanos baseado em Pequim, disse no domingo que enquanto estava na prisão, autoridades chinesas tentaram suborná-lo com uma enorme quantidade de dinheiro e libertação antecipada se ele prometesse que pararia de fazer campanha e não aceitaria o Prêmio Sakharov pela Liberdade de Pensamento.
Um dos mais proeminentes ativistas dos direitos da China, ele se concentra principalmente no movimento democrático da China, mas também fez campanha pelo meio ambiente, pelas vítimas da AIDS e pelos direitos à terra na China. Ele foi preso por três anos e meio sob a acusação de tentar derrubar o poder do Estado. Enquanto estava na prisão, ele foi condecorado pela União Europeia com o Prêmio Sakharov, que é concedido a pessoas que dedicam suas vidas aos direitos humanos. Ele também é um candidato ao Prêmio Nobel da Paz.
Após sua libertação da prisão em junho do ano passado, Hu ficou em prisão domiciliar e proibido de dar entrevistas à mídia estrangeira. Mas, mesmo nestas condições, Hu ainda era muito ativo e franco. Ele esteve ativamente envolvido na fuga de seu amigo íntimo, o ativista chinês dos direitos humanos Chen Guangcheng, e, no mês passado, Hu foi espancado por oficiais chineses da segurança pública.
Enquanto estava na prisão, as autoridades ofereceram-lhe uma enorme quantidade de dinheiro, disse Hu ao Epoch Times numa entrevista por telefone em 15 de julho. Eles também lhe prometeram libertá-lo dois anos e meio antes por razões médicas se ele admitisse os crimes de que foi acusado e declarasse que não merecia o Prêmio Sakharov.
O capitão da segurança de estado de Pequim disse a Hu que, como o Prêmio Sakharov confere um prêmio de 50 mil euros (cerca de 400 mil yuanes), se ele concordasse em rejeitá-lo, o governo cobriria sua perda lhe pagando o dobro da quantia, lembrou Hu.
“Eu lhe perguntei, ‘O seu dinheiro não é todo dos contribuintes?’ E o oficial disse, ‘Esse é o método mais sujo’”, disse Hu ao Epoch Times. “Até ele [o capitão] entende que [me pagar] o dinheiro [de suborno] é o método mais sujo”, disse Hu. “Mas como pode o Ministério das Relações Exteriores conceber uma coisa dessas?”
Outros ativistas chineses de direitos têm relatado experiências semelhantes. O advogado de direitos humanos Gao Zhisheng, conhecido por defender praticantes do Falun Gong e membros da igreja cristã doméstica, foi preso e torturado em 2005 porque se recusou a caluniar abertamente o Falun Gong.
Em seu artigo, “Noite escura, capa escura e sequestro pela máfia escura”, Gao disse que alguns oficiais lhe propuseram que ele usasse suas habilidades de escrita para caluniar o Falun Gong e que ele poderia cobrar o que quisesse para fazer isso. Gao respondeu que não era um problema técnico, mas um problema ético.
Em seguida, as autoridades lhe disseram, “Se isso é muito difícil, então, escreva artigos louvando o governo e, novamente, cobre o que quiser.” Finalmente, eles propuseram, “Se você escrever o que indicarmos e que você foi bem tratado na prisão e que foi enganado pelo Falun Gong e por Hu Jia, as coisas ficarão bem. Caso contrário, como você pode encontrar um fim para seu sofrimento? Pense em sua esposa e seus filhos.”
Gao foi submetido à tortura brutal e permanece na prisão até hoje. Gao e Hu são muitas vezes referidos como a consciência e a esperança da China.