Pesquisa de chefe de polícia exemplifica a culpa do regime
Antes de iniciar a maior tempestade política na história recente do regime comunista chinês em fevereiro passado, após tentar desertar no consulado dos EUA no sudoeste da China, o chefe de polícia Wang Lijun supervisionou a extração de milhares de órgãos de prisioneiros de consciência enquanto estavam vivos.
Wang Lijun era apenas um oficial de nível mediano numa conspiração sinistra que chega ao topo do Partido Comunista Chinês (PCC).
Na cidade de Jinzhou, província de Liaoning, Nordeste da China, Wang Lijun administrava um laboratório de pesquisa no mesmo prédio em que dirigia o gabinete de segurança pública. Sua pesquisa laboratorial se focava na extração de órgãos de pessoas vivas e em transplante.
Ele trabalhava sob a vigilância de Bo Xilai, o oficial recém-desgraçado que foi chefe da província de Liaoning quando Wang Lijun começou sua pesquisa.
Os fatos sobre Wang Lijun foram revelados em 2006, quando três anos após ele se tornou diretor da Secretaria de Segurança Pública e foi-lhe dado um prêmio, mas não por combater o crime. A equipe de Wang Lijun havia feito uma pesquisa pioneira sobre como melhor transplantar órgãos retirados de prisioneiros – que possivelmente ainda estariam vivos quando seus órgãos eram retirados – e cirurgiões atuando sob sua direção aperfeiçoaram novas técnicas por meio de “milhares” de ensaios in situ.
“Como todos sabemos, a chamada ‘investigação in situ’ é o resultado de vários milhares de transplantes intensivos”, disse Wang Lijun em seu discurso de aceitação do prêmio.
Ele falou sobre sua pesquisa: “Para um policial veterano, ver alguém sendo executado e ver os órgãos dessa pessoa sendo transplantados para vários outros corpos foi profundamente comovedor.”
‘Ainda vivos’
Pesquisadores sobre o transplante abusivo de órgãos humanos na China foram surpreendidos pelas revelações.
“A chamada ‘investigação in situ’ a que Wang Lijun se refere é uma execução direta no local com vans médicas ou possivelmente numa enfermaria, onde os órgãos das pessoas são removidos cirurgicamente”, disse Ethan Gutmann, que tem publicado extensamente sobre a colheita de órgãos de prisioneiros chineses de consciência.
David Matas, um advogado canadense premiado de direitos humanos e coautor, junto com o ex-secretário de Estado canadense David Kilgour, do relatório pioneiro “Colheita Sangrenta” de 2006 (editado e publicado como livro em 2009) sobre a colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong, disse: “Na verdade eles não estão matando por meio de injeções, mas paralisando as vítimas com injeções e então removendo os órgãos enquanto ainda estão vivas”, referindo-se a operações de Wang Lijun.
Quando um órgão é removido de um corpo ainda vivo, ele está mais fresco e as taxas de rejeição são mais baixas. “É possível retirar um órgão imediatamente após a vítima ter morte cerebral, mas é muito mais complicado”, disse Matas.
A maioria dos órgãos utilizados em transplantes na China vem de prisioneiros da consciência. Matas estimou que dos 10 mil transplantes realizados em média anualmente nos últimos anos na China, cerca de 8 mil operações vêm de praticantes do Falun Gong, 500 de outros prisioneiros de consciência, 500 de doações voluntárias de familiares e 1.000 de prisioneiros executados no corredor da morte.
O ‘CQ Global Researcher’, um jornal global de negócios, cita Kilgour, Matas e Gutmann e estima de forma independente que mais de 62 mil praticantes foram mortos por seus órgãos no período de 2000-2008.
Mãos ensanguentadas
Wang Lijun não é o único com as mãos ensanguentadas. Bo Xilai, junto com sua esposa Gu Kailai, foram pioneiros em usar prisioneiros praticantes do Falun Gong na colheita de órgãos, quando Bo Xilai era governador da província de Liaoning (2000-2004), segundo uma fonte conhecedora do assunto.
O ex-líder chinês Jiang Zemin fez a atrocidade possível, quando ele iniciou a perseguição ao Falun Gong e ordenou que a disciplina espiritual fosse “erradicada”, que “nenhuma medida era demasiadamente excessiva” para lidar com o Falun Gong e que “as mortes seriam contadas como suicídios”, segundo oficiais do PCC que desertaram. Jiang Zemin recompensava aqueles que, como Bo Xilai, eram especialmente brutais no tratamento aos praticantes do Falun Gong.
A colheita de órgãos é uma operação de âmbito nacional em que hospitais e médicos trabalham de mãos dadas com os tribunais e agentes da segurança pública. Isso só poderia acontecer com o consentimento e encorajamento ativo do chefe da segurança pública chinesa – primeiramente Luo Gan, desde o início da perseguição em 1999 até 2002, e depois Zhou Yongkang, de 2003 até novembro do ano passado.
Muitos outros altos oficiais associados a Jiang Zemin também estão envolvidos.
A propaganda de ódio promovida contra o Falun Gong pela facção de Jiang Zemin era uma peça do quebra-cabeça, segundo Kilgour e Matas. “A venda de órgãos de doadores involuntários combina ódio com ganância. A política estatal de perseguição é conduzida para ser financeiramente rentável”, escreveram eles no livro “Colheita Sangrenta”. “O incitamento do ódio contra os prisioneiros e sua desumanização significa que eles podem ser massacrados e mortos sem escrúpulos por aqueles que engolem a propaganda oficial de ódio.”
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