O presidente Barack Obama não planeja devolver para Cuba o território ocupado pela Base Naval dos EUA em Guantánamo, mesmo que consiga aprovar o fechamento da prisão estabelecida na ilha, disse na quinta-feira (29) seu porta-voz Josh Earnest.
Durante conferência de imprensa, Earnest respondeu com um enfático “não” à pergunta sobre se os EUA vão devolver a Base a Cuba, e disse que não haverá nenhuma conversação a respeito.
“Que a prisão deve ser fechada não há dúvida, mas a base naval não é algo que deve ser fechado”, afirmou o porta-voz da Casa Branca, reforçando que Obama não irá retroceder em sua política de reaproximação com os Castro.
O porta-voz admitiu que há “muitas divergência” com Cuba, citando as preocupações de Washington quanto ao tratamento do governo cubano para com as liberdades políticas e civis na ilha. Falando ontem na cúpula da CELAC na Costa Rica, Raúl Castro mencionou, entre outras exigências, a devolução de Guantánamo como uma das questões pendentes para a normalização das relações com os Estados Unidos.
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“O restabelecimento das relações diplomáticas é o início de um processo para a normalização das relações bilaterais, mas isso não vai ser possível enquanto existir o bloqueio”, Castro disse em seu discurso. A diferença de ambos os processos, o restabelecimento das relações diplomáticas e a normalização das relações bilaterais, sublinhadas por Castro, também foi definida nesta quinta-feira (29) pelo Departamento de Estado americano.
A prioridade do governo dos Estados Unidos em sua nova política em relação a Cuba é restabelecer relações diplomáticas com a ilha, enquanto a normalização das relações bilaterais será um processo mais longo, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. “Nosso foco agora é restabelecer as relações diplomáticas. Haverá ainda muito trabalho a fazer sobre isso, e nós entendemos que existem solicitações do povo cubano que certamente serão discutidas nas negociações”, disse Psaki.
O restabelecimento das relações diplomáticas, disse Psaki, inclui “coisas como a abertura de embaixadas em nossos respectivos países, para que possamos trabalhar sobre os problemas que surgiram no último meio século, e que devem ser normalizados”.
A reivindicação de Cuba pelo território de Guantánamo não foi registrada nas declarações finais da Terceira Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (CELAC), que se encerrou ontem (29) na Costa Rica, confirmaram fontes oficiais citadas pela agência EFE. O próprio CELAC pedirá aos Estados Unidos que terminem seu embargo econômico contra Cuba e retirem a ilha da lista de países que promovem o terrorismo internacional.